Produtores discutem criação de cooperativa central

Agricultores familiares querem fornecer seus produtos para órgãos públicos e empresas privadas

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Gerson Lopes/ON

Representantes de pelo menos 10 cooperativas da região participaram na tarde desta quarta-feira, em Passo Fundo, de mais uma reunião para tratar da criação da Central de Comercialização da Agricultura Familiar. O projeto pretende resolver um dos principais desafios enfrentados pelos pequenos agricultores na atualidade: a garantia de comercialização dos produtos. O encontro contou com a participação do secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan e do vice-prefeito de Passo Fundo, Rene Cecconello.

Organizados a partir de uma Central, os agricultores querem assumir o fornecimento e distribuição de frutas, carnes, hortifrutigranjeiro, além de diversos produtos industrializados, para órgãos públicos e empresas privadas.  Através de diversos estudos, o grupo constatou uma grande fatia do mercado que poderá ser aproveitada para o fortalecimento do setor e também da economia na região. “Somente uma empresa de Passo Fundo, investiu em 2010, mais de um milhão para a compra de alimentos destinados aos funcionários. Os produtos poderiam ser comprados da agricultura familiar” diz o vice-presidente da Coper Ecosol, Neiton Rech. Outro dado revelado por ele, demonstra que das 70 escolas que integram a 7ª Coordenadoria Estadual de Educação, apenas seis delas cumpriram a lei estadual e investiram o mínimo de 30% dos recursos destinados para a compra da merenda, em produtos da agricultura familiar. “Outras 15 escolas não gastaram um centavo” afirma. A situação é diferente na rede municipal, onde praticamente todas as escolas, atingiram ou ultrapassaram os 30% previstos em lei.

Para o vereador Rui Lorenzato, autor da lei municipal, a concentração de várias cooperativas a partir de uma Central, vai possibilitar o abastecimento das grandes redes de supermercados da região, evitando a entrada de produtos trazidos da Ceasa de Porto Alegre. “A grande dificuldade hoje é ter garantia da venda do produto. Com essa mudança, o agricultor terá uma estabilidade econômica maior. Poderá trabalhar com mais tranqüilidade” diz.

Na avaliação do secretário Ivar Pavan o agricultor do Rio Grande do Sul está entrando em um novo estágio de desenvolvimento. Para ele, o grande desafio na atualidade é aprender a lidar com o mercado. O reflexo dessa nova caminhada tem sido o surgimento de diversas agroindústrias (cerca de 2.500) no Estado. “Com o esvaziamento do campo, e o surgimento de novas tecnologias, o agricultor mesmo produz, se organiza em pequenos grupos e comercializa. É o cooperativismo. Sozinho ele não consegue colocar seus produtos no mercado” afirma.

Para Pavan uma das alternativas é descentralizar a Ceasa para o interior, através do cadastramento de produtores interessados em abastecer o comércio local.  Segundo ele, 35% dos produtos consumidos no Rio Grande do Sul passam pela Central em Porto Alegre. Para conhecer o potencial e  os produtos da região, a Emater vai realizar um diagnóstico sobre a produção de hortaliças, fruticultura e  produtos.  Durante a reunião também foi discutido a necessidade de uma área para a construção de um local apropriado para recebimento e distribuição dos alimentos.

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