Leonardo Andreoli/ON
Os agricultores mal acabaram de tirar a safra de verão do campo e já se preparam para a próxima plantação. Até o momento apenas as lavouras de canola estão sendo plantadas. As áreas que serão destinadas ao plantio de trigo e de aveia ainda estão sendo dessecadas para receber as novas sementes. A Emater conclui nos próximos dias o levantamento das intenções de plantio em cada região. A expectativa, no entanto, é de que o trigo mantenha a área ou tenha um crescimento pequeno.
Os motivos pelos quais a área de trigo não expande são a dificuldade de comercializar o produto e o preço. Conforme o engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, mesmo na entressafra do grão os preços praticados são os mesmo de outubro e novembro do ano passado. “O atual quadro de preços não estimula o investimento na lavoura e o aumento de área”, afirma.
Dóro salienta que o escritório central da Emater faz uma coleta de dados junto aos escritórios municipais para saber qual é a intenção de plantio. “Sabemos pelo movimento de crédito rural, pelo movimento de sementes que a área de trigo deverá ficar igual ou ter um pequeno acréscimo, muito tímido”, antecipa.
Atividades de campo
As atividades de campo estão baseadas em dessecamento das áreas para o plantio de trigo, cevada e aveia. Apenas a canola está sendo plantada. A semeadura vai até o dia 20 de maio. “A canola está vivendo um bom momento, temos temperatura boa, umidade boa no solo, calor também agora é o momento propício de lançar a semente na terra”, esclarece Dóro. A cultura deve ter um incremento de área como ocorre todos os anos desde que ela foi introduzida no zoneamento agroclimático.
Espaço
O engenheiro agrônomo esclarece que as áreas ociosas no inverno são grandes, por isso as culturas não competem por espaço. “Cultivamos aproximadamente 1 milhão de hectares e o trigo ocupou no ano passado 140 mil hectares. Sobra muita terra. Tem outras opções de inverno: aveia, aveia branca, aveia preta, cevada, canola e o trigo, mas nenhuma compete com a outra porque sobra espaço”, reitera. Ele ressalta o aumento da área cultiva da oleaginosa. Em 2009 foram plantados em torno de 11 mil hectares, no ano passado 15 mil ha e esta safra deverá ocupar 18 mil ha. “Isso se deve ao bom desempenho da cultura e ao domínio da tecnologia de produção. Temos hoje compradores na região: BSBIOS, Oleopan e Agrícola Ferrari”, reforça. Além disso, a Emater junto com cooperativas e empresas presta assistência técnica aos produtores, existem também linhas de financiamento e seguro agrícola.
Plantio alcança 70%
A BSBIOS é a principal fomentadora da cultura da canola na região. De acordo com o Departamento de Fomento da empresa aproximadamente 70% das lavouras já foram plantadas. A área atendida pela empresa deve chegar a aproximadamente 15 mil hectares no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, para o Paraná são mais 10 mil ha semeados.
O produtor da localidade de Pessegueiro, em Ernestina, Beno Afonso Lutkemeyer aproveitou o tempo seco da semana passada para concluir o plantio em 120 hectares de sua propriedade. “A canola é uma boa alternativa, no primeiro ano experimentei uma área de 30 ha e aprovei a cultura, ela traz bons retornos por ter comercialização garantida e é ótima para a rotação de cultura. Neste ano vou fazer uma área quatro vezes maior”, destacou Lutkemeyer.
Clima
Para o coordenador do Departamento de Fomento da BSBIOS Fábio Junior Benin a expectativa é de uma boa safra. “Com a previsão de clima frio e seco, ideal para a produção da cultura, e esperando aumento do nível de fertilidade na semeadura, acreditamos que haverá crescimento da produtividade”, ressaltou. Os rendimentos neste ano devem alcançar de 1,5 mil à 1,8mil quilos por hectare, ou seja, de 25 a 30 sacas/ha.
A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) indica que no Brasil a área cultivada com canola no ano passado, safra 2010/11, foi de 46,3 mil hectares, superior em 49,4% à safra de 2009 que plantou 31 mil hectares. Entre os Estados que cultivam Canola, o Rio Grande do Sul é o maior produtor, com 64,99% do total produzido no país.