Neste mês começa a semeadura do trigo nas regiões mais frias do Sul, que compõem cerca de 70% das áreas cultivadas com o cereal nos estados do RS, SC e PR. A escolha da cultivar mais adequada é fundamental para garantir o bom retorno da lavoura.
Hoje a Região Sul dispõe de mais de 30 cultivares de trigo indicadas para semeadura. Para o analista da Embrapa Transferência de Tecnologia – Passo Fundo, Márcio Pacheco, a grande oferta de cultivares pode confundir o produtor na hora de comprar a semente. “Como o mercado está demandando cultivares de trigo pão, o produtor precisa observar a classificação comercial da cultivar, sempre comprando sementes certificadas”, afirma Pacheco. O analista sugere, ainda, que o produtor fique atento à nova classificação do trigo: “Apesar de ainda não ter sido divulgado o enquadramento das cultivares na nova portaria, os obtentores já sabem como ficarão as suas cultivares na safra 2012/2013”. Os resultados no reenquadramento das cultivares serão apresentados na Reunião de Pesquisa de Trigo, que acontece em julho, em Dourados, MS.
O Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto, chama a atenção do produtor para os cuidados na implantação da lavoura de trigo. “O escalonamento da semeadura, optando por cultivares com diferentes ciclos, pode evitar problemas maiores por doenças e adversidades do clima, além de permitir o planejamento de verão”, explica Dotto. Segundo ele, as cultivares de ciclo mais longo devem ser semeadas primeiro, enquanto que as cultivares precoces vão para a lavoura mais tarde, para evitar danos com geadas durante o florescimento. “Antes da formação da espíga a planta se recupera de geada menos intensas”, afirma o pesquisador. O local de cultivo também afeta a escolha da cultivar, já que lavouras de baixadas precisam de cultivares mais tolerantes à geada, assim como regiões mais úmidas exigem maior resistência a doenças fúngicas.
O produtor precisa considerar o investimento tecnológico que cada cultivar exige. Existem diversas opções para produzir trigo que precisam ser adaptadas à realidade de cada produtor. A escolha da cultivar vai definir o pacote de insumos, com algumas cultivares demandando mais adubo, fungicidas ou mesmo um redutor de crescimento. “O produtor deve semear sempre buscando uma ótima colheita. Então, para a cultivar responder, é preciso observar a fertilidade do solo e a adubação necessária. A pesquisa já comprovou que um bom aporte de nitrogênio resulta diretamente na proteína, o que vai garantir o desejado trigo pão”, explica Sergio Dotto. Conforme o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, a tendência de um inverno frio e seco, seguido de uma primavera menos úmida, vai favorecer o cultivo de cereais de inverno.