Produtores da Região Sul visitaram a Embrapa Trigo de Passo Fundo com o objetivo de apresentar necessidades do setor produtivo para direcionamento das pesquisas com cereais de inverno. A ação faz parte do trabalho de prospecção de demandas, aproximando estes dois elos da cadeia produtiva. Os principais fatores apontados foram redução no ciclo das cultivares, manejo da adubação nitrogenada e resistência a doenças fúngicas.
O produtor Ulfried Arns avalia experimentos com trigo há mais de oito anos na região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, com lavouras na divisa dos municípios de Vacaria e Bom Jesus, local que se destaca pelos altos rendimentos na produção de grãos. No dia 21/07, Arns esteve na Embrapa Trigo apresentando os resultados de seus experimentos para um grupo de 30 pesquisadores da empresa. “A interação permite avaliar novas possibilidades na pesquisa, a partir da ótica do produtor, usuário final da tecnologia. Não que a pesquisa vá respaldar os experimentos do produtor, mas certamente os resultados serão objeto de análise durante a condução dos programas de pesquisa”, esclarece o responsável pelo Setor de Prospecção de Demandas da Embrapa Trigo, Luiz Eichelberger.
Vencer as adversidades do clima é, para o produtor Ulfried Arns, o maior desafio da pesquisa. “A janela de plantio é pequena. O clima atrapalha muito, então a velocidade da semeadura é muito importante. Quanto mais rápido plantar, melhor o resultado”, afirma Arns, ressaltando a importância de cultivares com ciclo cada vez mais curto, que fiquem menos tempo na lavoura expostas a intempéries do clima e, principalmente, a doenças. “A maioria dos produtores que eu conheço vai à lavoura 25 dias após a semeadura do trigo, faz a aplicação do nitrogênio e nunca mais volta para ver como está. Segue um calendário e não faz qualquer monitoramento”, conclui Arns.
Na área de abrangência da Cooperativa Agrária, em Guarapuva, PR, os produtores acompanham de perto o trabalho desenvolvido em parceria com a pesquisa. No dia 22/07, um grupo de 28 produtores de cevada esteve na Embrapa Trigo para conhecer o desenvolvimento das cultivares e os avanços no uso de técnicas da biotecnologia. “Nos últimos anos, todas as cultivares de cevada lançadas contam com o recurso da duplo-haploidização, um técnica que acelera o melhoramento genético em quatro anos”, explica o pesquisador Euclydes Minella.
Na região de Entre Rios, PR, a família Rovani cultiva cevada desde 1985. Neste ano, a área de inverno está dividida em 20% coberta com trigo e 80% com cevada. Para o produtor Fabiano Rovani, os custos de produção da cevada têm sido semelhantes aos demais cereais de inverno, contudo, o rendimento da cevada é superior, chegando a média de 3.700 quilos por hectare, rendimento uma tonelada acima do trigo. Na demanda aos pesquisadores, Rovani aponta o controle de doenças causadas pelo clima úmido como o fator mais importante. “Hoje, na cevada, nós temos cultivares com qualidade e produtividade, mas as doenças fúngicas ainda são problema. No ano passado, o oídio afetou todas as lavouras, isto considerando o número de 4 a 5 aplicações por safra”, diz o produtor.
No levantamento de demandas junto ao setor produtivo, os gestores da Embrapa Trigo estiveram visitando nas últimas semanas as cooperativas gaúchas Cotrijal, Cotripal, Cotriel, Coopermil, Cotrimaio, Cotrirosa e Cotrijuí; e as paranaenses Cooperalfa e Agrária.
