Sistema de plantio direto garante fertilidade integral do solo

Espaço da Terra

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Com a aproximação da safra de verão 2011/2012, chega o momento de os agricultores gaúchos voltarem sua atenção para o solo. Enquanto alguns agricultores o revolvem, incorporando os restos de palha e vegetais, grande parte já opta pelo plantio direto, prática da agricultura conservacionista que, quando empregada corretamente, garante a saúde do terreno em longo prazo. Segundo o censo do IBGE de 2006, em 73% da área de grãos das regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Erechim, Ijuí e Passo Fundo, o plantio já era realizado por meio desta técnica.
 
Com este método de semeadura, opta-se por manter os resíduos e revolver o solo apenas nos pontos onde são depositadas as sementes, de forma a evitar sua exposição direta à ação do sol e da chuva. “Em um terreno desnudo, em dias de sol, a temperatura da superfície pode atingir até 55ºC, perdendo mais água por evaporação e chegando a déficits hídricos mais rápido do que no plantio direto. Além disso, com a retirada da palha, a água escorre com mais facilidade, o que favorece a erosão”, alerta o engenheiro agrônomo e doutor em solos da Emater/RS-Ascar, Edemar Streck.
 
O produtor Eivar Rissee, de Passo Fundo, conta que a produtividade da lavoura melhorou substancialmente depois que ele passou a empregar o plantio direto. Ele ressalta a importância de se manter a cobertura vegetal. “A palha protege o solo e evita a erosão”, destaca.
 
Apesar de aparentemente simples, para que seja efetivo e se perpetue ao longo dos anos, o plantio direto precisa ser acompanhado de uma série de cuidados especiais, como a rotação de culturas, o terraceamento, o plantio em contorno e a manutenção da cobertura vegetal. “Para perpetuar o plantio direto, o agricultor deve adotar todo o sistema que permite manter a fertilidade integral do solo, química, física e biologicamente”, frisa o pesquisador da Embrapa Trigo, José Eloir Denardin. Ele explica que, para se obter esta fertilidade, não basta fornecer somente os nutrientes às plantas: é preciso que o solo esteja fisicamente saudável, de forma que as raízes consigam penetrar em profundidade para retirar água e incorporar a matéria orgânica.
 
Para que isto seja possível, o plantio direto deve ir além de seus dois preceitos básicos: revolver o solo apenas nos pontos onde serão depositadas as sementes e manter a cobertura vegetal. “É preciso que haja diversificação de espécies, por meio da rotação ou consorciação de culturas, minimização do intervalo entre colheita e semeadura, objetivando estabelecer um processo contínuo”, enumera Denardin. Com isso, o sistema sofre um menor grau de perturbação, quando comparado a outras formas de manejo.
 
Streck observa que, quando o produtor que opta pelo plantio direto não adota todos estes cuidados, o resultado pode ser a erosão do terreno. “O plantio direto realizado hoje no Rio Grande do Sul é de qualidade indesejada, com pouca palha e sem terraceamento, o que causa muita erosão”, avalia. Para reverter este quadro, reforça, é fundamental não restringir o plantio direto ao abandono do preparo do solo: ele precisa vir acompanhado da adoção de todo o sistema de uso, manejo e conservação de solo.
 
Seguindo todos estes preceitos, pesquisador e técnico concordam que o sistema de plantio direto é uma ferramenta da agricultura conservacionista indispensável para garantir a sustentabilidade da produção. Através deste método, o solo é protegido contra agentes erosivos, o impacto da chuva e as variações de temperatura, viabilizando-se de modo contínuo a semeadura direta.

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