O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avalia que a saída de capitais dos países emergentes pode ser um sinal de que a crise não está sendo resolvida satisfatoriamente. Segundo ele, esse movimento não afeta o Brasil porque o país tem um volume de reservas internacionais elevado. Já os países que não têm uma situação parecida com a do Brasil, segundo o ministro, encontram-se em uma situação de fragilidade cambial maior, pois não podem usar esses recursos para combater crise. “Nós temos que nos preocupar com isso porque se os emergentes forem atingidos, a situação internacional vai ficar pior”, disse Mantega.
Para o ministro, os europeus têm deixado as coisas “degringolarem”. Ele voltou a criticar a lentidão dos europeus em adotar medidas para combater a crise. Para Mantega, os europeus continuam trabalhando tardiamente e estão sempre atrasados em relação “às necessidades e aos fatos”. “Estão deixando as coisas degringolarem. Só agora vão resolver o problema da Grécia e já tem outro problema para resolver que é a Itália. Nós pressionamos bastante os europeus, mas eles têm os seus problemas políticos para resolver”, disse.
Segundo o ministro, a situação talvez fique até um pouco pior uma vez que o foco da crise passou a ser a Itália enquanto o peso da Grécia diminui. Mantega lembrou que a economia italiana é mais sólida do que a grega, mas destacou que o mercado financeiro funciona sempre com base nas expectativas. “O problema da Itália é maior do que o da Grécia. Embora ache que a Itália é mais sólida do que a Grécia, sabemos como funciona o mercado. Funciona na base da expectativa, da desconfiança. O fato é que não se conseguiu recompor a confiança”, disse o ministro. A Itália encontra cada vez mais dificuldade para refinanciar sua dívida e preocupa pelo baixo índice de crescimento e uma dívida de 1,9 trilhão de euros.
Ajuda
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que o Brasil tenha oferecido US$ 10 bilhões para o Fundo Monetário Internacional (FMI) ajudar os países da zona do euro em crise conforme publicado ontem na imprensa nacional. “Não. Não está correto. O Brasil estava disposto a fortalecer o FMI, juntamente com outros países, inclusive com o Brics, mas depende da forma como os europeus têm se posicionado diante da crise”, disse. O grupo conhecido como Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – países emergentes que se destacam pela forma como têm conseguido enfrentar a crise internacional.
O ministro não descartou que algum tipo de contribuição do Brasil possa ser discutida no futuro. Os recursos, entretanto, teriam que ser destinados a qualquer integrante do FMI que encontre dificuldade por causa da crise e não apenas para os países da Europa. “Hoje, nós estamos vendo que há saída de capitais dos países emergentes por causa dessa situação e os emergentes poderão precisar de recursos inclusive do FMI. Mas nenhuma cifra foi definida de nenhuma parte, ninguém definiu cifras. Nem chineses, nem americanos e tampouco o Brasil.”