O Brasil pode sim produzir trigo com competência. A comprovação está nos resultados da colheita desta safra em algumas lavouras do Rio Grande do Sul. O produtor Régis Augusto Giovelli, de São Luiz Gonzaga, no Noroeste do Estado, tem motivos para estar feliz com a sua produção, principalmente pela qualidade do grão, devido ao W (Força de Glúten) obtido.
A nova normativa que exige maior W para os trigos brasileiros só entra em vigor na metade do ano que vem, mas o mercado há alguns anos já coloca a Força de Glúten como parâmetro de compra. Exatamente por isso que Giovelli é um triticultor que vem ficando cada vez mais contente nos últimos três anos com a colheita do grão. Nesta safra ele colheu as cultivares Quartzo e Mirante e obteve até 320 de W. Isso quer dizer que seus trigos qualificados como Pão são excelentes, pois atualmente o W exigido é de 180 e a partir do ano que vem será de 220.
“Com essa qualidade superior do meu trigo consigo facilmente vendê-lo. Inclusive tem moninho que deixou de comprar trigo argentino para comprar o meu. Esse trigo com mais W ele mistura com outros mais fracos para fazer a mistura de trigo pão”, explica Giovelli, afirmando que a qualidade é como se fosse um seguro para a sua produção.
Para conseguir esse número de Força de Glúten superior o triticultor não fez nenhum milagre, apenas seguiu as orientações de manejo de nitrogênio da empresa de melhoramento genético que ele adquire as sementes. “Apliquei 185 quilos de uréia, sendo 110 no perfilhamento e 75 no pré-espigamento. Antes colocava 50 quilos no pré-espigamento e o resultado era bem inferior”, garante. De acordo com ele, isso vem sendo seguido há três anos. “Acreditei na Biotrigo Genética, que me passou o manejo e coloquei na lavoura, com certeza vale a pena o investimento em apenas mais 25 quilos de uréia”, comemora.
Mais de 6 mil quilos por hectare
A 370 quilômetros de São Luiz Gonzaga, em Lagoa Vermelha, na região Nordeste do Rio Grande do Sul, as colheitadeiras precisaram descarregar logo. O produtor de sementes, Paulo Vasconcellos, investiu em manejo e conseguiu ótimos resultados. Foram 6.169 quilos por hectare do cultivar TBIO Pioneiro, 6.077 quilos de Mirante e 5.557 quilos Marfim. Esses dados são aferidos pela Emater local.
Segundo o gerente comercial da Biotrigo Genética, Lorenzo Mattioni Viecili, o Rio Grande do Sul teve um dos melhores anos para a colheita do trigo devido ao clima favorável, diferentemente do Paraná onde o excesso de chuva prejudicou neste período. “Temos potencial genético para conseguir trigos com alta produção e qualidade como países expoentes na produção do grão. A Força de Glúten que o agricultor Giovelli conseguiu é um exemplo disso, mas para isso é preciso aprimorar cada vez mais as cultivares e o manejo, principalmente de nitrogênio”, explica Viecili.