O novo regime de importação argentino, que entra em vigor no próximo dia 1º de fevereiro, provocou um curto-circuito nas relações comerciais entre o Brasil e a Argentina - os dois maiores sócios do Mercosul, bloco econômico integrado também pelo Paraguai e Uruguai. A ministra da Indústria argentina, Débora Giorgi, disse que o Brasil está sendo favorecido pelo comércio bilateral e que a realidade "não justifica os comentários" do ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
A ministra se referia à entrevista dada pelo colega brasileiro, esta semana, nos Estados Unidos, e publicada com destaque pela imprensa argentina, na qual admite que "a Argentina tem sido um problema permanente", no que diz respeito às relações econômicas.
Debora Giorgi reagiu lembrando que, em 2011, o Brasil registrou um superávit em sua balança comercial de US$ 30 bilhões e que a Argentina foi responsável por 19,5% deste saldo favorável. No ano passado, acrescentou a ministra, as importações argentinas de produtos brasileiros aumentaram 23% em relação a 2010. Dos US$ 22,7 bilhões exportados pelo Brasil para a Argentina, 95% foram de produtos manufaturados.
As declarações dos dois ministros ocorrem após o anúncio do governo argentino sobre medidas relacionadas ao comércio entre os dois países. Na semana passada, os importadores locais foram informados de que, a partir de fevereiro, terão que apresentar uma declaração juramentada antecipada na Receita Federal argentina. E que os pedidos de importação serão examinados e autorizados pelo secretário do Comercio Interior, Guillermo Moreno, em um prazo de 15 dias.
Esta semana, o ministro do Planejamento, Julio De Vido, mandou investigar a Petrobras e mais quatro companhias petrolíferas, acusadas por empresas de transporte publico e de cargas, de formação de cartel para aplicar sobrepreços ao óleo diesel. A presidenta Cristina Kirchner, após ser reeleita com 54% dos votos, em outubro passado, tem adotado uma serie de medidas com um único objetivo: evitar que a Argentina tenha um problema de caixa. Desde 2003, quando os Kirchner chegaram ao poder, a economia do país tem crescido em media 7%, permitindo se recuperar da crise de 2001 - a mais séria de sua recente história. Até agora, no entanto, a Argentina não foi afetada pela crise nos Estados Unidos e na Europa. Mas 2012 promete ser um ano difícil.