O crescimento do consumo de combustíveis no Brasil ficou abaixo da projeção de 7% feita pela Agencia Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) no final de 2010. Segundo dados divulgados ontem pela agência reguladora, o consumo total cresceu 3% em 2011, com a utilização de 121,4 bilhões de litros. No ano anterior, o salto nas vendas chegou a 8,4% em relação ao registrado em 2009.
De acordo com o diretor-geral da ANP, Allan Kardec, o baixo incremento do consumo está relacionado, principalmente, à queda “extraordinária” do consumo de etanol. O produto teve uma redução nas vendas de 13,8%. Só o álcool hidratado apresentou queda de 28,9%. O etanol anidro (adicionado à gasolina) registrou aumento de consumo de 18,3%. Allan Kardec atribui o recuo tanto à quebra de safra em 2011 quanto à crise internacional de 2008 que ainda provocou reflexos e diminuiu o ritmo da industria nacional. Segundo ele, a expectativa é que o cenário se reverta ainda este ano. “A expectativa é que haja aumento de 10% a 20%. O consumo de combustível é um termômetro. O aumento é diretamente proporcional ao Produto Interno Bruto [PIB]. Como a expectativa é que haja crescimento, com aceleração da economia do país, a expectativa é que haja aumento do consumo”, disse o diretor-geral.
O cenário afetou diretamente o nível de preço do etanol em 2011, que ficou muito acima do patamar registrado nos últimos anos, segundo o superintendente de Abastecimento da ANP, Dirceu Amorelli. “Se o preço do [etanol] hidratado cresce um pouco, você tem a migração para gasolina [que teve incremento de 18,8% do consumo entre 2010 e 2011]. Hoje 50% da frota [de veículos] são [do tipo] flex, então o consumidor pode optar. Alguns poucos optam, ideologicamente, pelo biocombustível, mas a maioria opta, mesmo, pelo bolso”, destacou.
O consumo do diesel subiu 5,2% em 2011, na comparação com o ano anterior. No mesmo período, o de querosene de aviação (QAV) cresceu 10,8%. “A gente observa a economia pelo consumo energético. Não só pela industria, mas pelo conforto pessoal. Tem mais gente usando o avião e isso acaba refletindo no consumo”, avaliou Amorelli.