De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária, o mercado que dá prioridade ao bem-estar animal ainda é pequeno e desconhecido. Faltam produtores que sigam regras de bem-estar animal, faltam normas que regulamentem o setor e falta conhecimento dos consumidores.
Uma pesquisa realizada perguntou ao consumidor o que era levado em conta ao comprar frango. Em um primeiro momento, apenas 3,7% disseram se preocupar com o bem-estar animal. No entanto, quando viram fotos do sistema produtivo, o percentual subiu para 24,1%. A pesquisa mostrou que 70,9% dos consumidores pagariam mais por produtos com certificação de bem-estar animal, carne firme e rosada.
Um produto que valoriza o bem-estar animal custa cerca de 30% a 70% mais caro e, em alguns casos, o preço pode dobrar, comparado a produtos similares. As normas que regem o setor também são falhas. A Instrução Normativa nº 3/2000 aprovou o Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para Abate Humanitário de Animais de Açougue. Pelo regulamento, todos os estabelecimentos industriais fornecedores de carne para açougue devem sedar os animais antes do abate.
Além dessa norma, as demais tratam de aspectos sanitários, de vacinação, de regras para o ambiente de criação. Não há na legislação brasileira normas específicas que visem ao bem-estar, o que torna subjetiva a fiscalização e até mesmo a certificação dos produtos que chegam ao consumidor.
No Brasil, existe apenas uma certificadora, a filial da francesa Ecocert, que segue as normas da Humane Farm Animal Care (Hfac), certificadora norte americana. A empresa tem apenas cinco clientes na área animal contra 5 mil produtores de orgânicos certificados. Segundo o diretor-geral da empresa, Luiz Mazzon, o número de clientes não vem crescendo. “Muita gente pergunta, mas não temos um aumento no pedido de certificações”. O movimento é mais forte na Europa e nos Estados Unidos, países compradores de carne brasileira.
Segundo o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil lidera o ranking de maior exportador de carne bovina do mundo desde 2008, e as estatísticas mostram crescimento de 2,15% ao ano para os próximos anos. O país também lidera a exportação de frango, com crescimento previsto de 4,22% ao ano. Em carne suína, o país é o quarto maior exportador.
Com informações da Agência Brasil