As projeções para a taxa básica de juros, a Selic, em 2013, que chegaram a ser unânimes quanto à possibilidade de manutenção no atual patamar (7,25% ao ano), atualmente não são tão convergentes. Há analistas que não esperam observar um sobe-e-desce da taxa durante o próximo ano, mas há também aqueles que apostam em uma Selic ainda mais baixa do que a atual, chegando a 6,25% no primeiro semestre de 2013.
As mudanças na Selic são importantes para calibrar o crescimento econômico e a inflação no país. Quando há redução da taxa, como ocorreu de agosto de 2011 até outubro de 2012, a economia é estimulada, com aumento do emprego, dos salários e, por consequência, do consumo. O risco do aumento do consumo é a possibilidade de se ter mais inflação. Com a Selic alta, a economia caminha em ritmo mais lento.
As dúvidas sobre quais serão as decisões do Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central, responsável por definir a Selic, vêm da ainda fraca reação da economia às reduções de juros e a outras medidas de estímulo adotadas pelo governo. Em 2012, a previsão do BC é que a economia cresça 1%. No período de quatro trimestres que se encerra em setembro de 2013, a projeção de crescimento do BC é 3,3%.
Por esperar uma dinâmica ainda fraca da economia, há instituições financeiras, como o banco Itaú, que apostam na queda da Selic, no próximo ano. Essa previsão do banco é mantida, apesar das afirmações de dirigentes do BC de que a estabilidade da Selic, por “tempo suficientemente prolongado” é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta. Depois do período de cortes, a Selic foi mantida em 7,25% ao na última reunião do Copom de 2012, em novembro.
“Em nossa visão, o BC reforça sua determinação de manter os juros estáveis nos próximos meses. Entendemos, contudo, que a dinâmica da economia doméstica se revelará mais fraca. Acreditamos que este quadro levará o BC a optar por reduzir os juros novamente no primeiro semestre do ano que vem, levando a Selic para 6,25%”, dizem os economistas do BC Ilan Goldfajn e Caio Megale, em documento de análise sobre a economia.
Para o economista Carlos Eduardo Freitas, ex-diretor do Banco Central (BC) e professor licenciado da Fundação Getulio Vargas (FGV), a Selic começou a cair precocemente em agosto de 2011 e sofreu cortes além do necessário. Na avaliação dele, a preocupação é com a resistência da inflação em ceder, mesmo com a economia em ritmo mais lento. “É muita inflação para muito pouco PIB [Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país]”, diz.
De acordo com projeção do BC, a inflação deve encerrar 2012 em 5,7% e cair para 4,8%, em 2013.