Depois do recorde nas exportações registradas em 2011 em Passo Fundo – quando as empresas superam em 244% as exportações realizadas em 2010 - o volume de vendas de produtos passo-fundenses ao mercado externo caiu 14% no ano passado. O recuo foi acima do registrado no Rio Grande do Sul (-10%) e no Brasil (-5%). Os dados fazem parte das estatísticas de Comércio Exterior, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A balança comercial brasileira registrou um superávit (exportações menos importações) de US$ 510.7 milhões em todo ano de 2012. Frente ao ano de 2011, quando o saldo positivo somou US$ 668.5 milhões, foi registrada uma queda de quase 30%. Em todo ano passado, as exportações somaram US$ 609.2 milhões, enquanto as compras do exterior totalizaram US$ 98.4 milhões. Em relação ao ano de 2011, as vendas externas tiveram queda de 14,08% e as importações aumentaram 143,01%, de acordo com dados do governo federal.
Dos dez principais produtos embarcados no ano, três recuaram. São eles, o bagaço da extração do óleo de soja, com queda de 21,18%, semeadores e adubadores, que apresentou 36,71% de diminuição e reboques de uso agrícola, que registrou diminuição de 77,7%.
A queda aconteceu em meio à crise financeira internacional e reflexo da estiagem sobre a safra gaúcha. Com crescimento menor da economia mundial, as exportações para outros países diminuíram. José Adriano dos Santos, professor da Escola de Administração da IMED, afirma que redução da demanda por soja da foi a grande responsável pelo resultado negativo. As exportações para o país, que representam quase 30% do volume exportado do município, caíram de US$ 209 milhões para U$S 175 milhões no ano passado. "A China crescia acima da casa dos dois dígitos até 2011. No ano passado, cresceu apenas 7,5%. Como maior consumidora de commodities do mundo, a desaceleração da China causou um grande impacto nas nossas vendas. Outro fator preponderante foi a instabilidade na zona do euro, envolvendo a França e a Holanda, por exemplo”, explica. Além da China (-16,1%), outros cinco países também reduziram as compras no município. São eles: Cuba (-25,8%), Venezuela (-59,8%), França (-33,4%), Países Baixos/Holanda (-29,6%) e Coréia do Sul (-62,3%).
Commodities afetaram as exportações
O diretor presidente da BSBios, Erasmo Carlos Battistella, afirma que a estiagem que atingiu o Estado em 2012 foi um fator local que contribuiu para a retração, restringindo a produção de produtos básicos (commodities). A empresa, que é a segunda maior em volume de negócios no município, reduziu em quase 10% o volume dos embarques de farelo de soja no ano passado, totalizando 344,4 mil toneladas. No ano anterior, os embarques do insumo somaram 379,1 mil toneladas. A justificativa foi a redução dos preços internacionais da commodity. “Ao longo de 2012, foi muito difícil o fornecimento de matéria prima em função da seca”, disse. A alternativa foi fornecer o produto para o mercado interno, dobrando as vendas no país.
Novos produtos no mercado externo
No período, o maior destaque foi a inserção de novos produtos exportáveis pelo município, ou seja, que não eram embarcados em anos anteriores. Um dos exemplos é a venda de mais de 340 mil toneladas de soja, o que representou quase 30% de todo o volume de produtos exportados durante o ano passado, e de óleo de soja, que aumentou 148% no período.
A compra dos ativos da Doux Frangosul, pela JBS, também colocou no mercado externo a venda de 33 mil toneladas de carne de galinha/galo e 13 mil toneladas de pedaços de frango. Em anos anteriores, a empresa exportava seus produtos pela cidade de Montenegro (RS). Entre os destinos que apresentaram crescimento estão Alemanha (+498%), Emirados Árabes (+100%) e Iraque (+100%).
Importações em alta
No ano passado, no entanto, as importações praticamente triplicaram, registrando a maior alta no município (143,01%). Segundo Silva, o motivo para o crescimento é reação das empresas locais frente ao potencial de vendas para o mercado externo, especialmente diante da valorização do Real frente ao dólar. “Depois dos recordes de 2011, as empresas vivenciaram no ano passado dificuldades para atender a demanda e, por isso, realizaram mais investimentos para ampliar a capacidade de produção e qualificar a eficiência dos seus produtos para ampliar a competitividade e a capacidade de exportação”, explica.
Perspectivas para 2013
O professor, entretanto, não acredita que a situação deva se repetir em 2013. “O governo trabalha com um crescimento do PIB de 3,5% para o ano, o que representa a retomada de um crescimento sustentável, gerando empregos e aumento da renda da classe trabalhadora. Com os preços das commodities agrícolas altos, as cotações nos patamares atuais e o cambio não valorizado, é possível reverter o fraco desempenho do ano passado. No entanto, o Brasil ainda possui custos logísticos de exportação altos, o que prejudica a concorrência”, explica.
Queda no ranking
Segundo o levantamento, o município fechou o ano na 83ª posição no ranking no Brasil e 10ª posição no Rio Grande do Sul. Em relação ao ano anterior, Passo Fundo perdeu nove posições no país e duas no Estado.
Ano Exportações em dólares Ranking/RS Ranking/Brasil
2009 US$ 80.196.680 25º 260º
2010 US$ 206.104.035 12º 153º
2011 US$ 709.040.250 8º 74º
2012 US$ 609.224.444 10º 83º
Fonte: SECEX (Secretaria de Comércio Exterior) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Ranking das cidades exportadoras RS (2012):
Cidade Volume de negócios Variação 2010/2011
Rio Grande US$ 2.391.494.792 -5,44%
Triunfo US$ 1.709.104.379 -12,52%
Porto Alegre US$ 1.626.124.956 -17,33%
Santa Cruz do Sul US$ 1.465.719.510 + 17,39%
Caxias do Sul US$ 1.063.903.508 -0,25%
Canoas US$ 795.355.670 -23,74%
Venâncio Aires US$ 784.414.047 +11,59%
Cruz Alta US$ 703.767.327 +29,23%
Gravataí US$ 609.481.643 -8,21%
Passo Fundo US$ 609.224.444 -14,08%