O Brasil precisa ser mais agressivo na busca por parceiros comerciais para ampliar seus mercados para exportações. Na avaliação de especialistas, a maior parte dos acordos de comércio exterior mantidos pelo Brasil é com mercados de pouca expressão. Segundo eles, o país precisa acelerar a conquista de grandes mercados consumidores como Estados Unidos, União Europeia, Japão e China para assegurar sua sobrevivência na economia globalizada.
As informações são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e destaca que atualmente o Brasil mantém acordos com Chile, Bolívia, México, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Cuba, Índia, Israel, África do Sul e Egito como membro do Mercosul. Sozinho, o país mantém tratados com Uruguai, Argentina, México, Guiana e Suriname. O Brasil tem ainda acordo de preferência tarifária com os países da Associação Latino Americana de Integração, Aladi. O país também mantém diálogo com a União Europeia para acordo como membro do Mercosul, mas as negociações, lançadas em 1999, ocorrem em ritmo lento.
Para o economista Maurício de Paula Pinto, o Brasil é um país tímido. O grau de complexidade da economia brasileira mudou, se desenvolveu. O tamanho do mercado faz diferença. Seria muito desejável que o Brasil multiplicasse seus acordos de livre comércio e as grandes oportunidades de fato estão na América do Norte, na Europa, nos países do sudeste asiático.
O economista cita como uma dificuldade extra o fato de o Brasil manter uma política comercial fechada, que não corresponde ao crescimento de sua economia. “O governo tem a noção de que dificultando as importações, a indústria nacional é favorecida. Esse é um pensamento muito antigo. Atualmente mais de 80% das importações brasileiras são de matérias-primas para a indústria. Quando dificultamos as importações, nós as encarecemos”, diz.
Na avaliação de Carlos Abjaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a cláusula do Mercosul que obriga à negociação em parceria com os países do bloco é um entrave ao avanço na conquista de mais mercados. Os acordos que o Brasil firmou sem a união aduaneira são anteriores à sua entrada em vigor. “Existe uma heterogeneidade muito grande entre os países. O que interessa ao Brasil pode não interessar à Argentina, ao Paraguai, ao Uruguai. O governo já está muito sensibilizado para isso, mas é uma questão diplomática e política delicada”, explica.
Para Abjaodi, os acordos comerciais asseguram fôlego às economias em um cenário global cada vez mais complexo e sacudido pela instabilidade econômica. “Enquanto a economia está pulsando, [os acordos que temos] podem resolver. Mas o mercado está ficando difícil, as barreiras tarifárias estão caindo, os países começam a erguer barreiras não-tarifárias. Para quem não tem acordo, é difícil negociar. Você acaba ficando ilhado”, diz.