A Anistia Internacional (AI) alertou hoje (13) que a comunidade internacional tem falhado “miseravelmente" no apoio aos refugiados sírios, que já somam 2,3 milhões. Em comunicado, o organismo lembrou que dos US$ 3 bilhões que a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu em julho, para apoiar essa população, apenas 64% foram angariados até agora.
A organização de defesa dos direitos humanos apela à comunidade internacional que garanta o financiamento dos apelos humanitários para a Síria e que apoie os principais países que acolhem refugiados para que eles mantenham as fronteiras abertas, garantindo a proteção dessas pessoas. Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egito acolhem, juntos, 97% dos sírios obrigados a fugir do seu país devido ao conflito que se prolonga desde março de 2011.
No comunicado, a AI lembra declarações do alto-comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, que recentemente considerou que a Síria é "a grande tragédia deste século", tendo provocado uma fuga de refugiados como não se via desde o genocídio de Ruanda, há quase 20 anos. "Apesar da enorme escala da crise dos refugiados, a comunidade internacional falhou miseravelmente na ajuda aos refugiados ou aos principais países de acolhimento", escreve a organização, sediada em Londres.
A organização destacou, ainda, que dos 30 mil lugares definidos pela ONU para acolher refugiados sírios permanente ou temporariamente até 2014, a comunidade internacional só disponibilizou a metade, oferecida por 16 países. No comunicado, a organização lembra que, na medida em que diminui a capacidade dos países vizinhos para acolher refugiados e que as condições de acolhimento se deterioram, aumenta o número de sírios que tentam entrar na União Europeia, em busca de segurança e de uma nova vida.
Nos dois anos que antecederam outubro de 2013, 55 mil cidadãos sírios pediram diretamente asilo à União Europeia, sendo a Alemanha e a Suécia os mais procurados. Portugal teve 85 pedidos de asilo. Por ser "quase impossível aos refugiados e requerentes de asilo entrar na Europa legalmente", eles são forçados a "duras viagens, arriscando a vida em barcos ou por terra", alerta o organismo.
Muitos tentam atravessar o Mar Egeu partindo da Turquia até a Grécia e outros tentam atravessar da Turquia para a Bulgária por terra. Os refugiados que tentam entrar na União Europeia (UE) por esses caminhos são vítimas de "alarmantes violações dos direitos humanos", incluindo detenções que duram semanas em más condições na Bulgária e perigosas operações em que são mandados de volta pelas autoridades gregas.
Além do alerta, a Anistia Internacional solicita à UE e aos 28 Estados-Membros que aumentem a capacidade de busca e salvamento no Mediterrâneo, para evitar a morte de refugiados na travessia; que garantam que aqueles que são resgatados sejam tratados com dignidade, respeitando os direitos humanos, incluindo o direito a pedir asilo. O organismo apela, ainda, para o fim das "operações ilegais" de envio de refugiados de volta à Síria, pois negam os direitos humanos dos requerentes de asilo, particularmente na fronteira da Grécia com a Turquia.
Agência Brasil