O governo federal aumentou nesta terça-feira (22) a projeção de inflação de 6,47% para 6,51% este ano. Para 2015, a projeção foi mantida em 6,01%. A projeção é do boletim Focus, para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país. Segundo a economista e professora da UPF, Cleide Moretto, a alta é reflexo dos preços de alimentos, mas também de serviços, como por exemplo na manutenção do carro, cabelereiro, escola, nas passagens intermunicipais, aéreas. “Tudo está ficando mais caro porque a raiz do problema inflacionário tem origem nas politicas econômicas nacionais”, explica.
Apesar de o índice envolver elementos mais amplos, uma referência de como a inflação está atingindo patamares preocupantes pode ser vista nas gôndolas dos supermercados de Passo Fundo. Somente no ano passado (entre janeiro e dezembro), a cesta básica de Passo Fundo ficou 12,12% mais cara e fechou o ano custando R$ 608,99. O aumento registrado sobre o custo dos produtos foi maior do que a inflação do ano, que, IPCA ficou em 5,91%. A informação é do Centro de Pesquisa e Extensão da Faculdade de Ciências Econômicas Administrativas e Contábeis (Cepeac) da UPF que mensalmente analisa o custo de 42 produtos de alimentação, higiene e limpeza.
Cleide alerta que o que acontece em Passo Fundo não é diferente do que acontece no país. “É um processo que tem a ver com uma dinâmica nacional, com o processo de incentivo ou não a produção, com a taxa de juros e a oferta de moeda”, explica. Ela alerta que o risco a ser evitado nesse momento é que a variação do custo final de produtos e serviços possa estimular a volta da memória inflacionária, quando os produtores se apressam em reajustar os preços, na tentativa de preservar ganhos. “O mercado depende de oferta e demanda. Se os produtores lançam um produto a um determinado preço e o consumidor aceita este valor e compra, a tendência é que os empresários fiquem na dúvida se vale a pena produzir mais, o que compromete a estabilidade da economia”.
Taxa de juros
Um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação é a taxa básica de juros, a Selic, que foi mantida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central em 11,25% ao ano, ao final de 2014, e em 12% ao ano, no fim de 2015. “O único fenômeno que freia a inflação é uma depressão, ou seja, a redução de consumo através do aumento da taxa de juros, mas isso desestimula o setor produtivo, ameaça o desemprego, reduz a renda, reduz o consumo e, por consequência, a crise é instalada. Na crise perde-se receita, a produção reduz e o pouco que se tem continua caro”, alerta.
Quando a taxa aumenta o objetivo é conter a demanda aquecida. Isso reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação.