O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, considera que a inflação no Brasil tem que ser mais baixa, mas considera que não há descontrole nenhum dos preços. Tombini participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, hoje (5).
Para Tombini, não há que se falar em crise na economia brasileira, que está com menor nível de desemprego e com inflação sob controle. Ele foi questionado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) se o país não estaria passando por um período de estagflação (combinação de estagnação da economia com preços em alta).
Na apresentação aos senadores, Tombini disse que a inflação encerrará 2014 dentro dos limites da meta, que tem como centro 4,5% e limite superior de 6,5%. “No que se refere à variação mensal dos preços, desde março a economia mostrou significativa desinflação dos preços ao consumidor e, principalmente, dos preços no atacado. Sobre estes últimos, houve deflação nos últimos três meses, o que sugere que a inflação ao consumidor tende a permanecer bem-comportada nos meses à frente”, disse Tombini.
Mas Tombini ponderou que a inflação acumulada em 12 meses tende a se mostrar ainda em patamares elevados, devido ao realinhamento das taxas de câmbio de economias emergentes e avançadas e entre preços administrados e livres.
“Para combater essas e outras pressões de preços, a propósito, as condições monetárias foram apertadas [aumentos da Selic], e os efeitos da elevação da taxa Selic sobre a inflação, em parte, ainda estão por se materializar”, ressaltou Tombini.
Sobre os investimentos, Tombini avaliou que após "significativa expansão" de 5,2% em 2013, está havendo uma certa acomodação. “Mas, no acumulado dos últimos quatro trimestres findos em março, a expansão alcança 4,1%. Prospectivamente, minha avaliação é que o desempenho da formação de capital [investimentos] este ano será menos favorável do que o observado em 2013”, acrescentou.
Tombini também prevê que a economia brasileira deverá crescer em ritmo menor este ano, em relação a 2013. “O ritmo de expansão da atividade econômica em 2014 tende a ser menos intenso do que o observado no ano passado, mostrando moderação, [ficando] próximo da estabilidade no primeiro semestre, e recuperação ao longo do segundo semestre deste ano”, disse. Ele acrescentou que “em horizonte mais amplo, uma vez vencido o atual ciclo de ajustes, o ritmo de crescimento tende a retornar para patamares mais próximos do crescimento do produto potencial”.