O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (15), na capital paulista, que o Brasil tem uma economia mais sólida do que tinha em 2008, início da crise econômica internacional. Salientou que o país está preparado para a retomada do crescimento. Entre as condições conjunturais que favorecem esse crescimento, apontou o retorno do crédito com a recuperação do mercado de consumo, a existência de reservas financeiras elevadas, um alto fluxo de investimento externo, a baixa dívida externa e o câmbio relativamente estável. “Estamos prontos para o novo ciclo de expansão da economia”, declarou, ao participar do 11° Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Conforme o ministro, especialistas estimam que o fim da crise deve ocorrer até o próximo ano. “De qualquer forma, a economia internacional tende a melhorar e isso criará condições para que possamos ter um crescimento maior. Não podemos subestimar o impacto da crise na economia brasileira”, declarou. Mantega voltou a defender as políticas anticíclicas assumidas pelo governo para enfrentar a desaceleração na economia mundial, entre elas a desoneração para a indústria, medidas de estímulo ao consumo e aumento das reservas financeiras. Reforçou, no entanto, que a política econômica do país foi feita com base na manutenção da massa salarial e do emprego.
Ao falar para uma plateia de economistas, com objetivo de debater os ajustes macroeconômicos necessários para o próximo ano, Mantega rebateu as críticas de defensores de uma estratégia neoliberal. Um dos temas abordados por ele foi a independência do Banco do Central (BC), proposta em alta no debate eleitoral. “Independência, você dá para os governos, para o Congresso, mas não para um núcleo de iluminados, que não foi votado pela população e teria poder de definir a política monetária e cambial, portanto a política econômica. Isso poderia ser feito sem ter um diálogo com as pessoas eleitas, os representantes da República. Acho complicado”, acentuou.
O ministro avaliou que a atual autonomia operacional do BC funciona como as mudanças implementadas em ano eleitoral. “Nenhum governo gostaria de, em ano eleitoral, elevar taxas de juros e baixar o crédito. Mas tem essa autonomia. E, claro, deve sempre combater a inflação”, apontou. O ministro também fez críticas à proposta de “desmame” da indústria, com retirada de subsídios, redução dos investimentos no Pré-sal, fim dos subsídios agrícolas e retração dos bancos públicos.
Mantega defendeu, além de ajustes no tripé macroeconômico – políticas fiscal, monetária e cambial –, a necessidade de manter políticas de desenvolvimento. Na política fiscal, o aumento gradual do primário, redução de despesas e recuperação de receita, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2 e 2,5%. Na política monetária, propôs a autonomia operacional do Banco Central. Já para a política cambial, apoia a manutenção do câmbio flutuante e intervenções do BC, para corrigir a volatilidade excessiva. Nas políticas de desenvolvimento, sugeriu a reforma tributária, a continuidade das desonerações e a política industrial com subsídios à inovação,