Empresários brasileiros e norte-americanos abriram nova fase de negociações para elaborar propostas de ações governamentais visando a ampliar o comércio e os investimentos entre os dois países. O programa da agenda bilateral - que está sendo discutida hoje (11) – durante a plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (Cebeu), na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) – inclui acordos de livre comércio, facilitação de vistos e barreiras tarifárias, sanitárias e fitossanitárias.
Representantes empresariais dos dois países consideram imprescindível a retomada da visita oficial da presidenta Dilma Rousseff aos EUA, adiada em decorrência das denúncias de espionagem. Apesar de minimizar eventuais problemas causados pela crise diplomática entre os dois lados, o presidente da seção brasileira do Cebeu, Frederico Curado, avalia ser “importante que a visita da presidenta brasileira ocorra logo”, porque ajudaria a “catalisar ainda mais” a relação entre Brasil e Estados Unidos.
“Os negócios entre os dois países nunca se interromperam [apesar das denúncias de espionagem] porque as ligações são profundas entre as comunidades empresariais”, disse ele. Além disso, acrescentou, “somos dois países com 500 anos e com os mesmos fusos horários, e somos duas democracias com sistemas de governos parecidos. Até na fé somos parecidos”, disse Curado.
Para a vice-presidente das Américas da USChamber, Jodi Bond, a visita de estado aos EUA será um “passo importantes para ajudar os dois países a melhorar [questões como] emprego e produtividade”. Segundo ela, além de amenizar os problemas políticos, o setor industrial pode e deve colaborar com a apresentação de propostas de atuação para os dois governos. “Esperamos que isso comece a partir de agora”, disse ela. “Em períodos de crise todos países olham para o Brasil. Por isso as comunidades de negócios continuarão a encorajar nossos governos a ampliar a relação comercial”, acrescentou.
Segundo o presidente da seção brasileira do Cebeu, as propostas que estão sendo preparadas representam “uma sinalização clara” do meio empresarial para os dois governos de que há muito mais a ser feito. “A agenda, se for construida e se houver vontade, resultará em ganhos enormes para as duas sociedades”, disse ele.
Um grupo de trabalho foi constituído para, no prazo de um ano, identificar, cada país com seu empresariado, até onde é possível avançar nas negociações por acordos de livre comércio. De acordo com o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi, a consulta ao empresario brasileiro buscará identificar “os tipos de interesses” que eles têm em relação ao comércio com os EUA. Mas - para isso - é importante também fazer uma reavaliação do Mercosul, disse.
“A CNI sempre tem defendido acordos com outros mercados, para inserir o país nas cadeias globais de valor. Para que isso aconteça, há de haver acordos comerciais. Vemos o Mercosul como um bloco importante, mas achamos que tem de haver maneira de caminhar dentro da necessidade que a indústria pede. Vamos, portanto, pedir ao governo que faça uma nova avaliação do Mercosul, dentro de uma perspectiva de acordo do Brasil não só com os EUA, mas também com a União Europeia”, disse Abijaodi.