Em queda

Custo do trabalho na indústria brasileira sobe 11,6% entre 2010 e 2014

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Antes  de  2008,  a  produção  crescia  mais  do  que  os  salários.  Após  o  período  de  crise financeira internacional, setores  como  a idústria  têxtil  e  a  automotiva  passaram  a  ter  alto  custo  trabalhistaAntes  de  2008,  a  produção  crescia  mais  do  que  os  salários.  Após  o  período  de  crise financeira internacional, setores  como  a idústria  têxtil  e  a  automotiva  passaram  a  ter  alto  custo  trabalhista
Antes de 2008, a produção crescia mais do que os salários. Após o período de crise financeira internacional, setores como a idústria têxtil e a automotiva passaram a ter alto custo trabalhista
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O custo unitário do trabalho na indústria de transformação do Brasil subiu 11,6% entre 2010 e 2014, revela estudo divulgado hoje (8) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O gerente de Economia e Estatística do Sistema Firjan, Guilherme Mercês,  disse que isso decorreu da mudança ocorrida na composição dos custos do trabalho no período pós-crise internacional. Nos quatro anos anteriores à crise (2004 a 2007), foi identificada queda do custo de trabalho de 1,4%.

“Antes da crise, tinha a produtividade do trabalho crescendo mais do que os salários e nos [anos] pós-crise, com a produção industrial em baixa, teve o contrário. O processo foi invertido e os custos do trabalho, basicamente os custos com salários, passaram a crescer muito acima da produtividade. Ou seja, as indústrias brasileiras passaram a pagar mais por trabalhadores que produzem menos em uma hora de trabalho e, obviamente, o resultado prático disso é um choque de custos para a indústria brasileira”, informou o economista.

Dos 15 setores avaliados, 13 mostraram aumento nos custos do trabalho. Quase todos os segmentos tiveram elevação do custo no pós-crise.  Guilherme Mercês destacou o setor têxtil, com alta de 28,2% nos últimos quatro anos. O setor sofreu forte concorrência de produtos importados. Os meios de transporte, por sua vez, tiveram aumento de custos de 27,7%, com destaque para a indústria automotiva. “Foram setores que tiveram queda de produção muito grande no período, e os salários, a despeito disso, continuaram crescendo. Sofreram muitos choques de custo.”

Mercês disse que, ao analisar a balança comercial, é possível notar o resultado desse aumento de custos. “São indústrias com bastante dificuldade de concorrer no mercado internacional”. Os únicos setores que mostraram redução dos índices de custos do trabalho no período pesquisado foram a madeira (-18,9%) e coque, refino de petróleo e biocombustíveis (-0,3%).

O estudo mostra que em um ranking de nove países – Brasil, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Espanha, Portugal, Colômbia e México –, o mais alto custo unitário do trabalho é encontrado no Brasil, seguido da França (5,8%) e do Reino Unido (5,2%). Nos Estados Unidos, o custo subiu 1,3% e, em Portugal, houve redução de 14,8%. O gerente da Firjan lembrou que, logo após o início da crise de 2008-2009, diversos países trabalharam para diminuir os custos de produção, “justamente na tentativa de aumentar a competitividade e retomar o crescimento”.

Na comparação com a Colômbia e o México, que têm estruturas econômicas similares à do Brasil, o país também perde porque os demais implementaram um conjunto de reformas objetivando a redução do custo unitário do trabalho, com a flexibilização das relações no mercado, destacou Mercês. Na Colômbia, o custo caiu no período 12,7% e, no México, 6,3%.

Para o economista, o estudo demonstra a necessidade de uma ampla reforma trabalhista no país. “O Brasil convive com uma legislação trabalhista que tem mais de 70 anos e não é adequada à realidade do mercado  de trabalho atual”. Segundo ele, a legislação tem muitos “penduricalhos”, que tornam a relação de trabalho "custosa". Entre eles, citou a multa de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que as empresas pagam ao governo pela demissão  de trabalhadores.

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