O cenário econômico para 2015, segundo especialistas, não traz perspectivas otimistas para o setor empresarial e, especialmente, para as famílias brasileiras. O Jornal O Nacional ouviu o economista Julcemar Zilli, o engenheiro agrônomo Cláudio Doro e ainda o assessor de negócios João Pedro Corazza, que chegaram a praticamente a mesma conclusão: 2015 não será um bom ano para a economia brasileira. Os motivos são muitos e todos estão ligados a crise política, a nova matriz econômica brasileira e ainda a crise na economia europeia. Este cenário exigirá fortes ajustes na economia que devem provocar aumento nos preços, nos juros, queda na produção, na lucratividade e no emprego. O agronegócio tem perspectivas menos pessimistas, mas com lucratividade reduzida.
Na análise do professor de economia da UPF, Julcemar Bruno Zilli, a população deverá sentir diretamente os efeitos dos ajustes na política econômica, como de aumento nos preços, nos juros, com a queda na produção e no emprego. “Mesmo com os esforços para manutenção da inflação dentro dos patamares considerados aceitáveis, a tendência é que os preços superem o limite superior da meta inflacionária e, com isso, a taxa de juros básica da economia (Selic) deverá se elevar para reduzir a demanda por bens e serviços”, explica.
Comportamento da taxa de juros
A taxa de juros básica da economia (Selic) é definida nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). O Comitê usa a taxa de juros, principalmente, para controlar o processo inflacionário da economia brasileira. Quando as expectativas da inflação são elevadas ocorre uma elevação nas taxas de juros para frear o consumo e controlar os preços pela redução da quantidade de dinheiro em circulação. Quanto à inflação esperada apresenta um comportamento de queda o Copom reduz os juros e põe dinheiro em circulação na economia. Essa estratégia aumenta o volume de recursos financeiros em circulação e o PIB apresenta melhora significativa. Mas diante do cenário de 2014, onde os juros fecharam em aproximadamente 11,7% frente aos 7,25% registrados em 2013, os indicadores apontam que a Selic deverá fechar 2015 com 12,50%. “Este cenário freia ainda mais o crescimento econômico do país e automaticamente será percebido no valor da produção de bens e serviços que deverá crescer pouco”, analisa.
Influência no PIB
2014 registrou um crescimento ínfimo de 0,2% comparado com 2013 no valor total da produção de bens e serviços da economia (Produto Interno Bruto – PIB), segundo o economista. “O comportamento observado na produção está intimamente relacionado com a política econômica adotada pela equipe econômica que visava o controle da inflação por meio de elevações nas taxas de juros reduzindo a quantidade de dinheiro em circulação e encarecendo os empréstimos, tendo como resultado a queda nos investimentos e a produção de bens e serviços”, avalia. Para 2015 o mercado está projetando um aumento de 0,5%. “Se confirmado, colocará o Brasil numa situação econômica desfavorável perante os demais países, pois crescerá pouco e terá inflação elevada”, completa.