O crescimento de apenas 1,14% na criação de empregos formais em Passo Fundo é o pior resultado apontado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para os últimos 10 anos. Além do resultado final, o município também teve o pior desempenho para um mês de dezembro no mesmo período. O último mês de 2014 ficou negativo no saldo de geração de emprego em 584 vagas. Nenhum dos setores pesquisados admitiu mais que dispensou, sendo que o setor que mais demitiu foi o de serviços, registrando o saldo negativo de 229 vagas, segundo os dados apresentados na última sexta-feira (23).
Para o supervisor do Sine de Passo Fundo, Gilmar Brunetto, a perda na criação de vagas é muito grande para um município com cerca de 200 mil habitantes. “Na nossa visão, o crescimento em 2014 foi muito aquém do esperado. Se olharmos os números, somente no último ano, se perdeu muitas vagas. No final de 2013 foram quase 2.300 vagas criadas, no ano passado baixamos para menos de mil. Para uma população como a de Passo Fundo, essa perda é muito alta. Se seguir nessa direção, digo sem medo de erro: mais dois anos estaremos em recessão completa pelo desemprego”, avalia.
Brunetto salienta ainda que o saldo positivo obtido no ano passado é algo bom, mas ainda assim demonstra a estagnação em todos os setores “Se buscarmos os números das contratações mensais é possível perceber que alguns meses ficaram com saldo negativo e outros com saldo minimante positivo”, completa. Nem mesmo em 2009, quando se iniciava uma recessão na economia, se viveu um saldo tão desastroso. “Em 2009, tivemos um problema seríssimo de início de recessão, em que houve uma série de ajustes na economia, e nem naquele momento teve um saldo tão negativo quanto o que está se vendo neste final de ano”, argumenta.
As possíveis explicações, conforme ele, podem estar no crescimento da inflação e na desconfiança do empresariado. “A não confiabilidade até o presente momento, a desconfiança do empresariado junto aos governantes, especialmente com relação ao governo federal, na minha visão, é um dos motivos para este resultado. E essa estagnação vem também em função de que em 2014 se teve Copa do Mundo, uma montanha de feriados no primeiro semestre, isso tudo vai acumulando e vão ficando menores as contratações. O crescimento da própria economia foi muito baixo”, salienta o supervisor.
Problemas pela frente
Brunetto afirma também que se o quadro não mudar nos próximos meses, a situação econômica pode ficar ainda pior. “Não digo que já estamos entrando em uma recessão, mas a estagnação já está confirmada na minha concepção. A preocupação é de que se até abril não houver uma retomada econômica na geração de emprego formal se chegue à recessão, sim”, alerta.