O forte endividamento dos consumidores e a perda de atratividade provocada pela alta dos juros básicos fizeram a poupança registrar, em março, a maior retirada mensal líquida de recursos da história. No mês passado, os correntistas retiraram R$ 11,44 bilhões a mais do que depositaram na caderneta, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Em 2015, a retirada líquida da caderneta atinge R$ 23,23 bilhões. Em todos os meses do ano até agora, a poupança registrou captação líquida negativa. Em janeiro, os brasileiros tinham retirado R$ 5,53 bilhões a mais do que depositaram na aplicação financeira. Em fevereiro, os saques superaram os depósitos em R$ 6,26 bilhões. O movimento de saque tem três explicações. A primeira é a retirada de recursos pelos consumidores para saldar dívidas em tempo de queda no consumo e no emprego. A segunda é a dificuldade de a população poupar em momentos de alta no custo de vida.
O terceiro motivo para a fuga de recursos da poupança são os reajustes na taxa Selic – juros básicos da economia – promovidos nos últimos meses. Desde outubro do ano passado, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reajustou a Selic em 1,75 ponto percentual para encarecer o crédito e segurar a inflação. Atualmente em 12,75% ao ano, a taxa básica de juros está no maior nível em seis anos. As taxas mais altas mudaram o rendimento da poupança desde o fim de agosto de 2013, quando a Selic superou a marca de 8,5% ao ano. Pela regra, se a Selic estiver até esse nível, o rendimento será equivalente a 70% da taxa básica de juros mais a Taxa Referencial (TR). Acima desse nível, a caderneta rende 0,5% ao mês mais a TR.