O 13º salário pode ser considerado um alívio nesta época de final de ano, afinal, um dinheiro extra em um período em que vários gastos costumam aumentar é sempre bem-vindo. Mas, se não houver planejamento o que poderia ser uma luz no fim do túnel pode comprometer ainda mais as finanças no início do próximo ano. Nem sempre é fácil decidir qual a forma mais inteligente de se utilizar esse dinheiro, então, consultamos o economista, educador financeiro e consultor em finanças pessoais Dr. Ginez de Campos para dar algumas dicas para quem ainda não gastou esse dinheiro e quer aplicá-lo da melhor forma possível.
Dados da Pesquisa Nacional da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de Endividamento e Inadimplência do Consumidor apontam que 61% das famílias brasileiras estão endividadas. Destas, mais de 50% estão com comprometimento de renda entre 11% e 50%. E para cada pessoa há uma situação diferente com relação ao 13º salário. Enquanto algumas já receberam uma parcela e esperam para receber a segunda, outros devem receber o valor em parcela única e há ainda aqueles que anteciparam o valor do salário extra em ofertas feitas por instituições bancárias.
O educador financeiro explica que essa última alternativa é utilizada por muitas pessoas que aproveitam o valor para consumir. No entanto esta decisão pode ser equivocada tendo em vista que o pagamento de juros, geralmente elevados, poderá levar muitas pessoas a se endividarem com os bancos. Ginez alerta que está é uma atitude que deve ser evitada o máximo possível considerando o alto custo do crédito atualmente. “O governo continuará mantendo em 2016 os juros elevados para controlar a inflação, e por isso antecipar o décimo terceiro não é uma decisão inteligente enquanto o crédito se mantiver caro”, alerta para quem estiver pensando em antecipar esse dinheiro no próximo ano.
Renda comprometida
De acordo com o economista, o cartão de crédito, os empréstimos consignados e o cheque especial são os principais fatores de endividamento das famílias brasileiras. Com isso uma das alternativas de uso do 13º pode ser a opção por pagar as dívidas com juros elevados negociando com os credores um bom desconto nas parcelas.
Há diferenças ainda na forma com que pessoas jovens e adultas utilizam os recursos do 13º salário. “Enquanto os jovens tendem a ser mais imediatistas no uso deste recurso no que tange ao consumo sem critérios, os idosos também são vulneráveis, principalmente quando são reféns dos caprichos de consumo de filhos e netos, principalmente”, alerta Ginez.
Estabelecer prioridades
O estabelecimento de prioridades nem sempre é fácil. Mas o educador financeiro lista cinco dicas para ajudar quem ainda não sabe o que fazer. Confira:
1ª - É preciso usá-lo para pagar dívidas com juros elevados evitando desta forma ser inserido nos cadastros negativos (SERASA, SPC).
2ª - Se possível deve-se antecipar o pagamento de parcelas negociando com os credores descontos nos juros das parcelas.
3ª - Pode-se utilizar o 13º para constituir uma reserva financeira que poderá ser utilizada para pagamento de impostos (IPTU, IPVA), ou mesmo de outras despesas de inicio de ano como seguro do carro, matrícula e material escolar, etc.
4ª - O 13º poderá ser utilizado para reforçar a poupança que é um recurso que poderá ser utilizado no futuro para investimento em um bem de maior valor.
5ª - O 13º poderá ser utilizado para viabilizar as férias, principalmente quando elas são devidamente planejadas financeiramente.
Não erre
Um dos principais erros cometidos pelas pessoas é gastar todo o 13º salário com o consumo de bens supérfluos e não planejar a utilização do mesmo de acordo com prioridades definidas.
Contas de início de ano
O 13º salário pode ser usado também para pagamento de impostos, cujos boletos começam a chegar no final do ano oferecendo bons descontos que podem render uma boa economia.
Planejamento
Se ainda existe alguma parcela a receber do 13º salário é sensato e inteligente utilizá-lo de forma planejada.
*Dados da Pesquisa Nacional da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de Endividamento e Inadimplência do Consumidor