As exportações passo-fundenses recuaram 30% no comparativo entre os anos de 2014 e 2015. Depois de um crescimento de quase 70% no valor exportado em 2013, seguido por uma queda de 15% em 2014, o ano passado registrou US$ 614 milhões em produtos exportados. Mesmo com o número negativo, o município registrou superávit (exportações maiores que importações) de US$ 533 milhões. Apesar de positivo, o saldo foi 33% menor que em 2014. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. De acordo com o professor coordenador da Escola de Administração da Imed, Adriano José da Silva, a queda nas exportações deve-se ao fato de a indústria ter encolhido no Brasil como um todo, e uma queda no PIB em torno de 3% ter sido registrada. “Passo Fundo não é uma ilha isolada, sendo assim, as exportações do município também tiveram uma redução. A redução dos financiamentos por parte do governo federal, o colapso econômico da Venezuela, a estagnação da Argentina e a diminuição do crescimento chinês compõem um conjunto de variáveis que contribuem para essa redução”, destaca Silva. Além disso, para ele, a queda das cotações internacionais das commodities impactam diretamente as economias que possuem como pauta principal a soja, minério de ferro entre tantas outras que são pauta de importações.
Importações
O município consumiu US$ 80 milhões em produtos de outros países, apenas 0,47% a menos que em 2014. A variação foi significativamente menor que a registrada de 2013 para 2014, -31,19%. No ranking dos estados gaúchos que mais importam, Passo Fundo figura no 16º lugar. Para Silva, deve-se observar que a contabilidade criativa criada pelo governo federal contribuiu para mascarar os números relativos às importações. “Para manter um superávit na balança comercial o governo não lançou as importações de gasolina dos EUA em 2014, fazendo isso somente em 2015. Tal medida contribuiu para um saldo positivo em 2014. A questão das reduções das importações como um todo está relacionada ao aumento das alíquotas do IOF sobre compras no exterior e na mega desvalorização do real frente ao dólar o que inviabiliza as importações de produtos”, explica. A desvalorização do real frente ao dólar será determinante para o crescimento das exportações e para o saldo da balança comercial brasileira.
Previsão para 2016
A projeção de Silva para 2016 é de que as exportações devem aumentar se as condições climáticas permitirem safras boas no mercado da soja. “A questão é que não adianta aumentar somente a quantidade exportada e termos menos dólares entrando no país. Com a desvalorização do real frente ao dólar, como estamos observando desde meados de 2015, irá facilitar e aumentar nossas exportações. Devemos estar atentos as cotações do real frente ao dólar e as oscilações das cotações das commodities”.
Exportar é a solução?
Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, o país precisa encontrar caminhos para amortecer os impactos da atual retração econômica, e o canal óbvio é a exportação. “Precisamos contratar demanda externa. Temos uma oportunidade rara, com o realinhamento do câmbio, o produto brasileiro está mais barato. Estamos fazendo um esforço mobilizador para engajar toda a comunidade empresarial neste processo. É preciso exportar”, afirmou Monteiro. Para Silva, essa pauta é antiga e sempre pregada pelos governos como solução para crise. Contudo, é preciso levar em consideração que o Brasil, desde o descobrimento, configurou-se como um país exportador de commodities e em 2016 esse quadro não mudará. “O câmbio desvalorizado contribui para que possamos exportar e esconde as nossas deficiências em relação a custos logísticos relacionados a rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, bem como mascara a elevada carga tributária com a qual nossa indústria trabalha. Sim, precisamos exportar e devemos exportar cada vez mais, mas, é necessário investir na indústria de transformação, exportar produtos com valor agregado para que possamos melhorar nosso desempenho no comércio internacional. Infelizmente na atual conjuntura voltamos ao final dos anos 80 no século XX”, afirma o professor.