Em Passo Fundo, a comercialização de máquinas agrícolas caiu cerca de 10% em 2015. A queda ficou abaixo do total no Estado, que fechou o ano com 33% menos máquinas vendidas no setor do agronegócio, de acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS. A entidade estima um total de demissões na ordem de 6 mil de trabalhadores no setor no ano que passou. Não há números exatos para determinar quantos empregados foram demitidos na região, mas, conforme o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico de Passo Fundo, José Ailton Araújo dos Santos, não foi registrada uma queda significativa no número de empregos no município. “Tem até vagas abertas no setor para mão de obra qualificada”, afirma.
Segundo o diretor da Lavoro, concessionária John Deere, Sandro Chioquetta, os ajustes realizados na empresa foram pequenos, apenas para se adequar ao mercado e não tiveram um impacto grande no quadro de funcionários. “Nós somos uma empresa nova, temos somente quatro anos, estávamos construindo times para atuar no mercado. Ajustamos para alcançar maior produtividade, capacidade e eficiência”, explica. Outra empresa de Passo Fundo, a Meta Agrícola, concessionária Case IH, também precisou fazer alguns ajustes no início de 2015, mas volta a contratar ainda nesse ano.
Para Chioquetta, o número de vendas vinha superando o que era considerado normal nos últimos anos. As safras cheias, somadas ao crédito farto e ao juro baixo elevaram a curva além do esperado, fazendo com que os mercados de 2013 e 2014 tivessem resultados muito positivos. “As vendas diminuíram no ano passado, o que é natural, voltou para a normalidade de mercado”, explica o diretor da Lavoro. Outro ponto que pode ter explicado o fato de a queda, na região, ter sido menor que os índices nacionais e estaduais, é a estrutura local. “Nós atuamos em uma região com propriedades que trabalham com diversas culturas, além da pecuária. O nosso solavanco, o nosso desnível de um ano para outro, acaba sendo menor”.
Normalização
Para o economista e professor da Universidade de Passo Fundo, Marco Antonio Montoya, essa estabilização nas vendas era esperada, já que o agronegócio vinha em uma crescente, nos últimos 15 anos, acima do normal. “O agronegócio teve um desempenho ímpar, uma revolução silenciosa que alavancou grande parte do crescimento econômico brasileiro”, destaca. De acordo com Montoya, associado a isso, preços adequados às commodities agrícolas, pleitos favoráveis, com juros subsidiados, permitiram um crescimento interessante e uma renovação de todo o setor, com uma presença significativa de ganhos em diferentes áreas de produção. “Em diferentes ramos de atividades, o agronegócio deu um salto extremamente grande”. O setor, entretanto, começou a recuar pouco a pouco. O que, conforme o economista, não é uma consequência da crise, mas uma normalização do mercado. “O agronegócio está entrando em um crescimento natural, vegetativo, não tão acelerado como naquela época”.