Preços maiores, produtos menores

A Páscoa se aproxima e, com ela, a busca pelos presentes para comemorar a data. O chocolate, no entanto, principal foco comercial da época, se mostrou longe do ideal esperado pelos consumidores

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Desta vez, a cesta de compras não ficou lotada: os ovos de chocolate vão servir apenas para decoraçãoDesta vez, a cesta de compras não ficou lotada: os ovos de chocolate vão servir apenas para decoração
Desta vez, a cesta de compras não ficou lotada: os ovos de chocolate vão servir apenas para decoração
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Os ovos de chocolate, neste ano, vão servir só para decoração na casa da aposentada Jucerlei. Ficou decidido: nem ela e nem a filha, a professora Luana Amaral, vão comprar os tradicionais presentes de Páscoa em 2016. “Não adianta. É muito caro, não vale a pena. Nesse ano vamos focar na decoração da casa e levar esses ovinhos pequenos”, afirmou a mãe enquanto carregava uma das cestinhas da loja. “Acho que está valendo bem mais a pena dar outra coisa de presente neste ano, tipo roupas, por exemplo. Não está valendo nada a pena. Olha só”, diz Luana, enquanto mostra o preço dos ovos no expositor – um de 150 gramas, de embalagem infantil, custava mais de R$ 45.

É esta a realidade de milhares de consumidores: a busca pelo melhor presente, com o melhor preço. Neste caso, o chocolate vem carregado de dois fatores tributários: a alta do dólar e o aumento do valor do cacau. Dois motivos para que o consumidor esteja mais atento na hora da compra.

Marialda Antunes, dona de uma loja do segmento há mais de 20 anos, entende bem do assunto. “Foi hoje mesmo que os ovos chegaram e, mesmo que todo o ano as pessoas digam que está caro, sempre acabam comprando uma coisa ou outra”, afirma. A diferença, no entanto, é que em 2016 muitas empresas apostaram na redução do produto – mas não na diminuição do preço. “As gramas, você pode perceber, vão estar bem menores. Por exemplo, um ovo que antes pesava 500 gramas, agora vai ser encontrado com 300 ou até 250 (gramas)”.

Ela explica: “Vamos ver preços altos, sim. O chocolate aumentou 12% em relação ao ano passado. Mas temos que entender que tudo cresceu. O chocolate também, claro, mas isso é só uma conseqüência da atual situação econômica”, explicou.

Ovos a menos – alternativas a mais
Em Tapejara uma indústria do ramo buscou a solução diminuindo a produção. Ainda assim, a expectativa divide opiniões. Por um lado vai ter lucro. Por outro, a produção diminuiu 5% em 2016, o que significa 50 mil ovos de chocolate a menos, como informou o assessor comercial da empresa, Alex Burilli. “O perfil do consumidor mudou. Tivemos que mudar a nossa estratégia. Antes nós começávamos a produção cerca de quatro meses antes para que os dois meses que antecedem a Páscoa os ovos já estivessem nos estandes dos mercados. E tudo isso para ser vendido em uma semana. É claro que sempre sobrava e quase sempre tínhamos prejuízo”. Por isso, com ovos a menos nos mercados e um aumento considerável no preço, a expectativa é de lucro. “Temos que entender que as pessoas estão mais atentas aos preços e buscam por qualidade. É importante que a gente entenda isso e busque adequar a nossa produção com esse novo conceito”, defendeu.

 A comerciante Marialda esclarece que o que vamos ver é o estímulo de um Plano B: compras menores e não mais de ovos apenas, mas também de bombons, trufas e todas as diversidades do chocolate. Neste Plano B está incluso, também, a fabricação caseira. Um exemplo de quem fez isso e viu a experiência dar certo foi a Ariel Oltramari. Formada em Biomedicina, viu na fabricação de ovos caseiros uma oportunidade de negócio e renda extra. Ela garante: está dando mais que certo. “Divulguei que estaria fazendo os ovos na quinta-feira passada (18) e já tenho quase 30 encomendas. Até me assustei, porque jamais achei que esse ramo tivesse tanta procura”, comenta. E a receita para o sucesso é bem simples: exclusividade. “Nenhum produto é igual. O chocolate caseiro tem aquele cuidado, aquela forma de fazer que é exclusiva para o cliente. Ali a gente coloca o recheio, a forma, a cor, tudo conforme o gosto do consumidor. É o que faz para que tenha tanta procura”, pontua. 

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