A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), voltou a subir em abril, ao fechar o mês com alta de 0,61% (menor resultado para os meses de abril desde 2013), resultado 0,18 ponto percentual superior ao de março que foi de 0,43%.
Com o resultado de abril, divulgado hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA passou a acumular, nos primeiros quatro meses do ano (janeiro/abril), alta de 3,25%, percentual inferior aos 4,56% registrados em igual período do ano passado.
Já a taxa acumulada nos últimos doze meses (a inflação anualizada) foi para 9,28%, também abaixo dos 9,39% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2015, o IPCA havia sido de 0,71%.
Pressão inflacionária
A alta de abril foi pressionada pelo aumento dos grupos alimentação e bebidas (alta de 1,09%), e saúde e cuidados pessoais, (variação de 2,33%). Juntos, os dois grupos foram responsáveis 89% do índice do mês, exercendo, contribuição de 0,54 ponto percentual. Segundo o IBGE, entre as principais altas dos produtos alimentícios estão a batata inglesa (13,13%) e o açaí (9,22%). Em contrapartida, o tomate ficou 15,26% mais barato de março para abril.
Já no grupo saúde e cuidados pessoais, os remédios exerceram a principal pressão para a alta de 2,33% do grupo saúde e cuidados pessoais, ao subir 6,26%, o mais elevado resultado de grupo. A alta dos remédios refletiu parte do reajuste de 12,5% autorizado pelo governo e que entrou em vigor a partir do dia 1o de abril.
Com impacto de 0,2 ponto percentual, o item remédios representou a principal contribuição individual para o índice. Plano de saúde (1,06%), artigos de higiene pessoal (0,58%) e serviços laboratoriais e hospitalares (0,52%) também se destacaram e impactaram a alta dos preços do grupo.
Energia elétrica
Grande vilã do IPCA de 2015 com alta superior a 50% no período e com contribuição decisiva para que o índice fechasse o ano passado em 10,67%, a energia elétrica encerrou abril com deflação (inflação negativa) de 3,11%, em relação a março.
Foi o item que exerceu o mais expressivo impacto para baixo (-0,12 ponto percentual). Segundo o IBGE, este comportamento se deve ao fim da cobrança extra da bandeira tarifária, já que, a partir de 1º de abril, o valor de R$ 1,5 por cada 100 kilowatts-hora (KWh) consumidos, referente à bandeira amarela, deixou de ser cobrado.
As contas de energia ficaram mais baratas em quase todas as regiões pesquisadas. As exceções foram registradas em Fortaleza, onde houve alta de 2,42%, refletindo o reajuste de 12,97% em vigor desde o dia 22 de abril, e de Campo Grande (0,38%), com reajuste de 7,40% a partir do dia 08 de abril.
Além da energia, outros itens sobressaem com queda de preços, como etanol (-4,89%), excursão (-2,21%) e cigarro (-0,99%). O cigarro, com queda de 0,99%, refletiu reajustes e reduções ocorridas em determinadas marcas e áreas ao longo de março e abril.
Em contrapartida, sete grupos exerceram conjuntamente impacto de 0,07 ponto percentual e responderam por apenas 11% do índice do mês. Neles, os principais itens em alta foram, segundo o IBGE, telefone celular (4,01%), acessórios e peças (1,55%), taxa de água e esgoto (1,51%), artigos de limpeza (1,46%), passagem aérea (1,43%), serviço bancário (0,94%), empregado doméstico (0,7%) e ônibus urbano (0,69%).
Regiões
Em 10 das 13 regiões metropolitanas e municípios pesquisados pelo IBGE, a inflação ficou acima de 0,61% da taxa média do país. O destaque foi a região metropolitana de Fortaleza, que registrou a maior alta, com a inflação de abril fechando em 1,02%. Fortaleza também registrou a maior variação na taxa acumulada em 12 meses: 11,28%.
Também ficaram com taxa acima da média nacional, Porto Alegre (alta de 0,94%); Belém (0,9%); Curitiba (0,75%); Belo Horizonte (0,71%); Campo Grande (0,7%); Recife (0,69%); e Salvador, Vitória e Rio de Janeiro (alta de 0,62%).
A menor variação de abril ficou com a região metropolitana de São Paulo, onde a taxa variou apenas 0,36%, resultado 0,29 ponto percentual abaixo da média de 0,61% do IPCA de abril. Também tiveram resultados abaixo da média, Brasília (a taxa subiu 0,43%); e Goiânia (0,53%).
Segundo o IBGE, a alta de 1,02% de Fortaleza foi pressionada pela taxa de água e esgoto (2,49%), com reajuste de 11,96% em 23 de abril, e pela energia elétrica (2,42%), tendo em vista o reajuste de 12,97% em vigor desde 22 de abril.
Já na outra ponta, o menor índice registrado na região metropolitana de São Paulo se deu em razão do resultado de 0,77% dos alimentos, abaixo da média nacional (1,09%), além da queda de 6,78% nos preços do litro do etanol
Metodologia
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento entre um a 40 salários mínimos e abrange dez regiões metropolitanas do país, além de Goiânia, Campo Grande e Brasília. Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 31 de março a 28 de abril de 2016 (referência) com os preços vigentes no período de 01 a 30 de março de 2016 (base).
Menor renda
Inflação que apura a variação de preços para as famílias de menor poder aquisitivo (de um a cinco salários mínimos), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou variação de 0,64% em abril, taxa 0,03 ponto percentual superior ao IPCA (0,61) e 0,2 ponto percentual acima do resultado de 0,44% de março.
Considerando os quatro primeiros meses do ano, o índice situa-se em 3,58%, percentual inferior aos 4,95% de igual período de 2015. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a taxa foi para 9,83%, ficando abaixo dos 9,91% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2015, o INPC situou-se em 0,71%.
Os produtos alimentícios acusaram reajuste de 1,11% em abril, enquanto em março a alta foi 1,12%. O agrupamento dos não alimentícios teve variação de 0,43% em abril, acima da taxa de 0,14% de março.
Dentre os índices regionais, o maior foi de Fortaleza, com 1,11 %, pressionado pela taxa de água e esgoto (2,49%) com reajuste de 11,96% em 23 de abril, e pela energia elétrica com 2,82%, tendo em vista o reajuste de 12,97%, em vigor desde 22 de abril.
Já o menor índice foi o da região metropolitana de São Paulo, que ficou em 0,32%, em razão do resultado de 0,79% dos alimentos, abaixo da média nacional (1,11%), além da queda de 6,78% nos preços do litro do etanol.
O INPC adota a mesma metodologia do IPCA, mas é calculado pelo IBGE desde 1979, se refere às famílias com rendimento monetário de um a cinco salários e abrange dez regiões metropolitanas, além de Brasília, Goiânia e Campo Grande.
Agência Brasil