O consumo de energia elétrica no país registrou alta de 1,4% em abril, em relação ao mesmo mês do ano passado, somando 40.076 gigawatts-hora (GWh). Os dados são da Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica divulgada hoje (31) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Esta é a primeira alta no consumo de eletricidade desde fevereiro de 2015. A alta foi puxada pelo aumento em várias regiões do país, o que levou ao crescimento na demanda das classes residencial e comercial, que expandiram, respectivamente, 7,5% e 1,7%, sendo as que mais contribuíram para a alta do índice geral.
O consumo no setor da indústria continua em queda, tendo fechado em abril com retração de 4,8%, registrando uma queda mais suave do que as observadas nos meses anteriores, principalmente em decorrência das regiões Norte e Centro-Oeste, ambas com crescimento do consumo de, respectivamente, 2,5% e 3,1%. O consumo na classe baixa tensão, no entanto, cresceu em todas as regiões do país, com destaque para o Sudeste.
Na avaliação da EPE, o aumento de 7,5% no consumo da classe residencial (11.772 Gwh), em abril, foi consequência ao efeito de altas temperaturas, fator que já havia sido relevante para o resultado de março (+1,7%).
“Embora as vendas de aparelhos de ar condicionado tenham registrado queda no último ano (-19%), segundo dados da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), o desconforto causado pelas altas temperaturas no mês levou à intensificação do uso dos equipamentos nos domicílios, mesmo com o alto custo da energia elétrica no orçamento familiar. Com isso, o consumo por domicílio teve crescimento de 4,8% no mês”, informa a associação.
A maior contribuição para o crescimento do consumo residencial veio da região Sudeste (+9,2%), com São Paulo e Rio de Janeiro, os maiores mercados do país, que representam cerca de 40% do consumo total da classe residencial, assinalando crescimento de 9,7% e 12,2%, respectivamente.
Comércio
A EPE constatou que na classe comercial comercial a temperatura também exerceu influência sobre o consumo, porém o uso mais contínuo dos aparelhos de climatização nos estabelecimentos fez com que o impacto no consumo seja menor do que na classe residencial. O consumo de 8.058 GWh nos estabelecimentos de comércio e de serviços resultou no crescimento de 1,7%. Desde setembro, o consumo mensal na classe não superava o do ano anterior.
Indústria
A contração prolongada da economia continuou a influenciar negativamente o consumo industrial do país, que fechou abril ainda com resultado negativo frente ao mês imediatamente anterior: queda de 4,8%. A demanda do setor totalizou 13.889 Gwh. No acumulado do ano, a queda do consumo industrial de energia já acumula retração de 6,8%, enquanto que no acumulado de 12 meses, a queda está em 6,2%.
A EPE ressalta, porém, que apesar dos indicadores industriais continuarem negativos, a retração de abril não foi tão intensa “quanto as registradas nos dois últimos trimestres” (média de -7,6%).
Revisão
A Empresa de Pesquisa Energética e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisaram, na resenha de abril, as projeções do consumo de eletricidade na rede e da carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) para o próximo quinquênio.
A nova projeção, intitulada “1ª Revisão Quadrimestral das Projeções da Demanda de Energia Elétrica do SIN 2016-2020”, as projeções de consumo apresentam, em média, redução de 1,6% da perspectiva de consumo para os próximos 5 anos.
Com a revisão, o consumo inicialmente previsto na nota técnica de dezembro de 2015, de 551 terawatts-hora (Twh) até 2020, agora é estimado em 542 TWh, diferença de aproximadamente -1,6%. “Dentre os fatores que nortearam a revisão destaca-se, majoritariamente, o agravamento do cenário macroeconômico e setorial, em especial no curto prazo”. Ainda segundo a EPE, “esperam-se ajustes fiscais e reprogramações de investimentos setoriais ao longo do período, postergando a retomada de crescimento para o final do horizonte”.
"Com isso, ganha, na nova projeção, o ganha consumo de baixa tensão (residencial, comercial e de serviços) ganha uma maior relevância para o consumo de eletricidade na rede “face ao recuo previsto para a atividade industrial nos próximos anos.”
Agência Brasil