Manejo adequado garante produtividade e qualidade no trigo

Clima tem favorecido arranque inicial das lavouras. Plantio está praticamente encerrado na região

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Para garantir bom desenvolvimento, especialistas orientam aplicação de nitrogênio em diferentes fases do ciclo do trigoPara garantir bom desenvolvimento, especialistas orientam aplicação de nitrogênio em diferentes fases do ciclo do trigo
Para garantir bom desenvolvimento, especialistas orientam aplicação de nitrogênio em diferentes fases do ciclo do trigo
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A previsão de chuva, que acabou se confirmando nessa semana, fez com que os produtores de trigo acelerassem a semeadura da cultura. Na região o plantio está praticamente encerrado e, com condições favoráveis, a expectativa é de um bom início de safra. Neste ano, os triticultores devem estar atentos ainda à importância de um bom manejo de nitrogênio. O elemento é fundamental para o desenvolvimento das plantas e também para a qualidade do grão a ser colhido.

O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Cláudio Dóro explica que pra uma boa germinação do trigo é necessária a combinação entre temperatura e umidade do solo. Nas últimas semanas, embora a temperatura do solo estivesse dentro do ideal ele estava seco, devido à evaporação, favorecida pelo calor durante os dias e por o solo estar desprotegido. Com a previsão de chuva que se confirmou na terça e quarta-feira, os produtores aceleraram o plantio e agora, com a umidade propícia espera-se que as lavouras tenham um bom início. “Os produtores concentraram o plantio no final do ciclo. E isso deu um atraso momentâneo, mas conseguiram plantar dentro do melhor período”, avalia. Em outras regiões que plantam mais cedo, as plantas já demonstravam algum atraso no crescimento. O clima até o momento também tem favorecido a não incidência de pragas e doenças de início do ciclo, como os pulgões e o oídio.

Manejo de nitrogênio
O diretor técnico da empresa Atman, de Goiânia (GO), Ivo Frare, destaca que o nitrogênio (N), depois do carbono, hidrogênio e oxigênio, é o elemento químico mais demandado pelas plantas. “Este nutriente é um componente estrutural por ser constituinte de aminoácidos e proteínas, fundamental para a vida vegetal”, afirma. A cultura do trigo, por exemplo, exige elevada quantidade de nitrogênio para atingir tetos produtivos altos e boa qualidade industrial.
Fatores como a região e o clima interferem na aplicação. Para um ano com influência de La Niña, como 2016, é importante aplicar um grande volume no plantio, de uma fonte mais solúvel, já que as chuvas não serão em grande quantidade. “A palha não vai ser transformada em matéria orgânica (mineralização) para suprir a planta do trigo com nitrogênio. É importante aproveitar as frentes frias para aplicar o nitrogênio em cobertura antes da chuva e não após a chuva, porque, dependendo da fonte, há perda por volatilização”, recomenda Frare.

Diferentes fases
Durante o crescimento do trigo, segundo a engenheira agrônoma e mestre em Ciência do Solo, Ingrid Arns, a região Sul apresenta chuvas irregulares, momentos com maiores e outros com menores precipitações, portanto é fundamental o parcelamento das aplicações para redução de perdas e melhor aproveitamento do N pela cultura durante suas fases de desenvolvimento. “O trigo absorve nitrogênio durante todo o seu ciclo de crescimento e as suas exigências variam de acordo com o estádio fenológico. A falta de N em uma determinada fase pode comprometer o rendimento e a qualidade do trigo”, explica.
Contudo, de nada adianta colocar todo o nitrogênio na base de plantio para ter um bom arranque se não investir em mais aplicações. “O mais importante é saber que a planta é um ser vivo. Nós tomamos café, almoçamos e jantamos. A planta também deve ser suprida durante todo o ciclo”, explica Frare.

Nitrogênio no controle de doenças
Além do benefícios no desenvolvimento e qualidade, o estado nutricional do trigo é fator de predisposição às manchas foliares. Segundo o fitopatologista da Biotrigo Genética, Paulo Kuhnem, estudos têm observado que plantas bem nutridas apresentam uma menor incidência de mancha foliar, bem como um menor número de lesões por folha. “Em lavouras onde a fertilidade natural do solo precisa ser corrigida, aplicações de nitrogênio em cobertura nos estádios recomendados têm mostrado uma boa correlação com a redução da intensidade da mancha foliar, em especial a amarela”, explica. A resposta à aplicação nitrogenada varia entre cultivares e, muitas vezes, pode se confundir sintomas de deficiência de N com outras doenças. “O Nitrogênio não controla a doença e sim reduz a predisposição da planta à infecção do fungo”, conclui.

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