Comil demite quase metade do quadro de funcionários

Empresa diz passar por crise e desliga aproximadamente 850 funcionários na manhã desta quinta-feira (1º)

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Trabalhadores fizeram assembleia pela manhã, logo que foram informados das demissõesTrabalhadores fizeram assembleia pela manhã, logo que foram informados das demissões
Trabalhadores fizeram assembleia pela manhã, logo que foram informados das demissões
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Após quase uma semana em licença remunerada, os funcionários da Comil Ônibus se apresentaram na manhã desta quinta-feira (1º) para retornar às suas atividades. A empresa, que afirma sofrer os reflexos da crise econômica, havia liberado os funcionários para realizar readequações e negociar com o Sindicato dos Metalúrgicos a redução de parte do quadro de funcionários. As negociações entre a entidade e a empresa ocorreram desde segunda-feira (29), e o sindicato afirmou que não fecharia acordo sem antes conversar com os funcionários a cerca das propostas para a demissão coletiva.
Se estabeleceu, de acordo com o presidente do Sindicado dos Metalúrgicos, Fábio Adamczuk, que a Comil aguardaria a resposta da entidade antes de realizar qualquer desligamento. “Ficou decidido que os dirigentes [da empresa] conversariam com os trabalhadores em todos os setores para organizar uma assembleia geral para debater e deliberar sobre a proposta”, acrescentou. Quando os trabalhadores chegaram para trabalhar nesta manhã (1º), foi realizada uma assembleia, em frente à sede da Comil. Porém, assim que a assembleia terminou e os cerca de 1,7 mil colaboradores entraram na empresa para seguir com as atividades, a empresa realizou a demissão de aproximadamente 850 pessoas, conforme Adamczuk.
O Sindicato dos Metalúrgicos afirmou que a postura adotada pela empresa não cumpriu o acordo. Adamczuk garantiu que a entidade irá se reunir com os funcionários e também com o Ministério Público de Passo Fundo a partir da próxima semana.
As propostas
Entre as propostas exigidas pelo sindicato, para a demissão coletiva, está o pagamento das rescisões em 24 vezes, com parcelas de, no mínimo, um salário mínimo por mês. Ainda, a entidade pediu a não demissão de pessoas com idades próximas de usufruir do benefício da aposentadoria e a não demissão de pessoas cujo circulo familiar é composto por mais de um funcionário da Comil.

Nota oficial da Comil
A empresa, que só se manifesta através da assessoria de imprensa, emitiu um comunicado oficial à imprensa nesta quinta-feira, anunciando que iniciaria o processo de demissão. Confira a nota na íntegra:
“A Comil Ônibus informa que, a partir de hoje, 1º de setembro, inicia o processo de adequação de sua estrutura e consequente redução do quadro de funcionários de modo a ajustar suas atividades à nova realidade de mercado. Tal medida é resultado da grave crise que o Brasil está enfrentando, com grande impacto no mercado de ônibus, que teve uma queda de mais de 60% nos últimos três anos. Outros fatores estão impactando de forma relevante as atividades: forte inflação de matéria prima; restrição de linhas de crédito para os clientes; a valorização do real frente ao dólar neste ano, impactando diretamente na competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo. Somados a esta conjuntura econômica, há ainda os veículos do Programa “Crack é Possível Vencer”, equipados com alta tecnologia para o monitoramento avançado, que já foram entregues, mas o Governo Federal ainda discute o pagamento. Desde que a crise se intensificou, a partir de 2014, a empresa adotou diversas medidas para se ajustar ao mercado buscando a manutenção do maior número de empregos: readequou sua estrutura, promoveu redução de custos, buscou eficiência na produção e na gestão, concentrou toda a produção na unidade de Erechim, internalizou a fabricação de peças e componentes e atualizou sua linha de produtos rodoviários. Infelizmente, estas ações não foram suficientes. A empresa lamenta se somar a outras empresas que, diante deste cenário, também realizaram demissões, mas como não há condições de se manter o atual efetivo de pessoal, oficializou a reestruturação. Já na próxima semana, a empresa iniciará um trabalho de suporte na recolocação para todos aqueles que desejarem. Há mais de 30 anos no mercado, a Comil reforça seu compromisso com seus clientes, funcionários, fornecedores e parceiros também neste momento em que busca se reestruturar para enfrentar essa nova realidade. A Companhia, desde já, expressa o infinito agradecimento pela dedicação de seus colaboradores, e apoio da comunidade local”.

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