Um ano de altos e baixos no emprego. Assim foi 2016 em Passo Fundo. Em quatro, dos 11 meses analisados, houve mais demissões do que contratações. O pior índice foi em maio, quando foram fechados 391 postos de trabalho. Neste mês, só a indústria da transformação foi responsável por 310 demissões. Seguido por junho, com saldo negativo de 293, agosto (-247) e janeiro (-173). Por outro lado, o melhor mês em geração de emprego, no ano passado, foi fevereiro, que ficou com saldo de 297 contratações. No segundo mês do ano, o comércio foi expressivo e criou 235 novos empregos.
Em novembro, foi registrado o segundo melhor mês da geração de emprego. O saldo foi de 111 vagas. O comércio foi o setor que impulsionou as contratações, com 252 vagas. Seguido de serviços, com 6 admissões. Apesar do indicador ter ficado no azul, a indústria pressionou negativamente em novembro. Foram 70 desligamentos. Na construção civil, foram 66 demissões. Em novembro, foi realizado o EmpregaRS, que formou fila logo cedo em frente a agência do FGTAS/Sine. Na ocasião, eram 1,5 mil desempregados em busca de uma das 120 vagas disponibilizadas.
A recessão econômica atingiu expressivamente dois setores: a indústria da transformação e a construção civil. Até o mês de novembro, o último indicador divulgado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregas (Caged), foram 620 demissões na indústria e 337 trabalhos formais eliminados na construção civil. Se comparado os últimos 12 meses, os índices de desemprego sobem mais. Na construção civil -386 postos de trabalho e na indústria - 694 vagas.
Como em todo Brasil, a retração econômica também atingiu os setores locais da construção civil e da indústria, conforme o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de Passo Fundo (Sinduscon). Plínio Humberto Donassolo. “Em termos locais, temos um atenuante que a região é um polo agroindustrial muito importante, que nos ajuda a superar essa fase bastante difícil da economia nacional”, analisa o presidente, que é engenheiro civil.
Donassolo explica que em função da instabilidade política e, consequentemente, econômica, houve uma queda em termos de novos lançamentos imobiliários no ano passado. O que faz com que houvesse diminuição nos postos de trabalho. “A gente espera que esse quadro comece a se reverter no momento em que se definirem as questões políticas do país e que a situação econômica entre em um novo ciclo de desenvolvimento. Acredito que isso pode acontecer porque demanda nós temos, só o que o investidor está muito cauteloso até não vislumbrar uma melhora concreta. Ele está aguardando para ver. Aquele que está comprando para uso próprio enfrenta taxas de juros mais altas do que estavam e a gente acredita que isso vai ser revisto no decorrer do primeiro semestre. Para que, então se torne, novamente, atrativo para adquirir um imóvel para uso próprio”, vislumbra.
Com a queda de lançamentos de empreendimentos em 2016, o estoque de imóveis deve, também, baixar, analisa o presidente da Sinduscon. “Como o período de maturação de um empreendimento, na construção civil varia de três a seis anos, nós vamos passar um período de pouca oferta de imóveis novos na cidade. O que implicara na relação oferta-demanda, que poderá fazer com que o valor agregado dos bens aumente”, enfatiza.
Por outro lado, há boas perspectivas na geração de emprego para o setor da construção civil. Em função desses novos lançamentos que deverão ocorrer neste início desse ano, deverá aumentar a procura por mão de obra no setor da construção civil, segundo Donassolo. “Temos esperança de que haja uma retomada no crescimento na economia em nível nacional e, consequentemente, na região. Também há uma perspectiva de safra boa, que implica na injeção de dinheiro na economia local”, acredita o presidente.
O ponto de equilíbrio
Uma cidade com economia diversificada, se de um lado as coisas foram mal, outros setores seguraram as pontas em 2016. Foi ela, que fez Passo Fundo demorar um pouco mais para sofrer as intempéries da crise, de acordo com a presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Passo Fundo (Sindilojas), Sueli Morandini Marini.
O comércio foi responsável por 295 contratações até o penúltimo mês do ano e o setor de serviços, admitiu 172 trabalhadores. No acumulado do ano, o saldo do emprego em Passo Fundo ainda é negativo de 448 vagas de trabalho. “Houve alguns meses com mais demissões do que contratações. Apesar disso, nos serviços de exames médicos demissional e admissional, durante todo o ano tivemos mais exames para admissão. Constata-se que como há um volume maior de pessoas desempregadas, mesmo em Passo Fundo, é uma oportunidade de o empresário qualificar melhor a sua equipe. Muitas pessoas demitiram e aguardaram para os últimos meses do ano para admitir novos candidatos com a expectativa de melhorar o quadro funcional”, analisa.
Para o comércio, a perspectiva é de maior dificuldade no primeiro trimestre, em função dos gastos de início de ano. “É um período de gastos maiores - iptu, ipva, retorno de filhos na escola, uniforme, material escolar, entre outros - isso faz com que o comércio tenha uma retração nesse período. O empresário deve estar preparado, pois deverá fazer as adaptações necessárias para enfrentar esse momento”, complementa.
O maior desafio, neste ano, para Sueli, é recuperar os 12 milhões de desempregados. “Fora a contagem daqueles que também estão a procura de emprego porque perderam um pouco da sua renda e precisam agregar um dinheiro extra no orçamento familiar. Isso é a grande dificuldade do ano de 2017. Vamos ver como irá se comportar o cenário nestes próximos meses, se haverá manutenção destes empregos que foram recuperados.”, conclui.
SETORES |
TOTAL ADMIS. |
TOTAL DESLIG. |
SALDO |
EXTRATIVA MINERAL |
0 |
4 |
-4 |
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO |
209 |
279 |
-70 |
SERV INDUST DE UTIL PÚBLICA |
5 |
9 |
-4 |
CONSTRUÇÃO CIVIL |
107 |
173 |
-66 |
COMÉRCIO |
904 |
652 |
252 |
SERVIÇOS |
692 |
686 |
6 |
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA |
0 |
0 |
0 |
AGROPECUÁRIA |
14 |
17 |
-3 |
TOTAL |
1.931 |
1.820 |
111 |