Passo Fundo mantém nível de exportações

As importações cresceram 13% e pressionaram o superávit de 2016, que ficou em U$ 525,4 milhões

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Com a terceira queda consecutiva no superávit da balança comercial, Passo Fundo registra um crescimento de 0,38% nas exportações de 2016. Em 2014 e 2015, os números da balança comercial declinaram juntos mais de 44%. Os dados fazem parte das estatísticas de Comércio Exterior, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No ano passado, a cidade exportou U$ 616,6 milhões. É o terceiro melhor ano em volume de exportações, ficando atrás apenas de 2013 - quando foram vendidos mais de U$ 1,06 bilhão - e 2014 - quando foram comercializados U$ 878,1 milhões. Apesar do volume em exportações, é preciso analisar os números do superávit (exportações menos importações), umas vez que é esse saldo que demonstra os recursos que são agregados a economia do município, de acordo com a doutora em economia e professora da UPF, Cleide Moretto. Em 2016, o superávit (exportações menos importações) foi de U$ 525,4 milhões.

“No contexto brasileiro, houve um período mais recente de valorização da moeda e isso atrapalhou o nível de exportações. Enquanto esteve desvalorizada, a nossa taxa de câmbio foi positiva para os setores exportadores. O problema das exportações brasileiras é a dependência da venda de produtos que agregam pouco valor. Principalmente no setor primário e da indústria de carnes - que mesmo que seja industrial - agrega pouco valor”, explica a doutora.

A China foi o principal importador passo-fundense. Em 2016, 59% das vendas foram para este destino, o que correspondeu a mais de U$ 367,2 milhões. Atrás da China, estão Coreia do Sul, Eslovenia, Arabia Saudita e Egito com maior volume de comprar. A soja foi o principal produto exportado no ano passado, no município, que correspondeu a U$ 351,8 milhões. Atrás, estão tortas e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja (U$ 120 milhões) e carnes e miudezas comestíveis (U$ 111,2 milhões). Os meses de maio, junho e julho - que são meses posteriores a colheita da soja - foram os melhores nas exportações de 2016, reponsáveis por quase metade do total do ano: somaram juntos aproximadamente U$ 345,8 milhões.

A especialista explica que a exportação de soja ficou mais acentuada em 2016, uma vez que houve queda na comercialização de outros produtos. Quando a Manitowoc Company começou atuar no município, houve um salto significativo e em 2013 foi o auge da produção dela. Em janeiro de 2016, com o encerramento das atividades, Passo Fundo sofreu com a perda dessa empresa que era significativa em termos de exportação de peças, segundo Cleide.

“É ruim no sentido de que temos como principal exportador, que traz recurso ao município, um produto que tem pouco valor agregado. Estamos enviando uma matéria prima - soja -, que alguém está agregando valor e quem sabe até depois nos exportando de volta. O ideal é mudar isso, que possamos exportar produtos que foram transformados e que trazem maior riqueza para o município”, analisa a especialista.

 

Importações

Em 2016, Passo Fundo teve um aumento mais significativo nas compras do exterior, com registro de mais de 13%, em importações. Em 2015 foram mais de U$ 80,6 milhões importados e no ano passado foram mais de U$ 91,1 milhões. O produto mais comprado no município em 2016 foi cevada, mais de U$41,5 milhões. Em segundo lugar, estão os insecticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas e produtos do gênero (U$ 19,1 milhões). A Argentina é o principal exportador de Passo Fundo. De acordo com Cleide, a cidade depende de insumos que vêm do exterior, e com a desvalorização da moeda brasileira, eles se tornam mais caros. “A tendência de uma economia em recessão, como estamos nos últimos anos e principalmente em 2016, é causar um impacto mais significativo no nível de importações. Uma taxa de câmbio que não é adequada, ou seja, é muito caro importar e a falta de recursos ou a renda menor faz com que diminua o nível de importações e diminua a atividade econômica de um modo geral”, enfatiza.

 

Tendências

As perspectivas da especialista em economia não são as melhores para os próximos anos. “Nós temos que fazer com que a economia retome e as empresas que poderiam exportar produtos industrializados consigam ficar no mesmo nível anterior e atrair empresas no mesmo patamar da que saiu. Passo Fundo vai ficar dependente, alguns anos ainda, de empresas que sejam capazes de agregar valor ao município. Não sou muito otimista quando a retomada de crescimento, no patamar de 2013, no cenário municipal à curto prazo”, salienta Cleide.

 

Exportações gaúchas

O ano de 2016 fechou com as exportações em queda no Rio Grande do Sul. Ao somarem um total de US$ 16,6 bilhões no acumulado dos 12 meses, caíram 5,4% em relação a 2015. A maior influência negativa sobre o resultado veio do grupo das commodities, que retraiu 12,1% (somando US$ 4,1 bilhões), principalmente por causa das quedas nas vendas de soja (-7,9%) e de trigo (-70,7%). 
A indústria gaúcha também acompanhou o ritmo de perdas no ano passado. Mas recuou em um ritmo menor, 2,3%, totalizando US$ 12,4 bilhões. Dois fatores foram determinantes e contribuíram para que o nível mais baixo no setor registrado desde 2006 não fosse ainda pior: em primeiro lugar, houve a contabilização como exportação da plataforma de petróleo e gás no mês de novembro, totalizando US$ 388,9 milhões. Além disso, o setor de Celulose e Papel registrou exportações de US$ 636 milhões, um avanço de 80,7%, em função da expansão da capacidade produtiva da CMPC Celulose Riograndense, em Guaíba. Se a operação com a plataforma não tivesse ocorrido e as exportações de Celulose e Papel fossem iguais as de 2015, o setor secundário cairia 7,6%. 
Ainda considerando-se os principais segmentos industriais no Estado, Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias vendeu US$ 1,02 bilhão, o que representa um crescimento de 5,2%, exercendo a segunda maior influência positiva. 

Balança comercial de Passo Fundo

Ano

Exportações U$

Importações U$

Superávit U$

2016

616.687.729

91.198.386

525.489.343

2015

614.367.261

80.613.519

533.753.742

2014

878.124.847

80.992.130

797.132.717

2013

1.026.611.515

117.702.088

908.909.427

2012

609.224.444

98.452.409

510.772.035

2011

709.040.250

40.513.383

668.526.867

2010

206.104.035

19.749.662

186.354.373

2009

80.196.680

12.961.853

67.234.827

 

           

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