Nos primeiros 18 dias do ano, cerca de 650 trabalhadores pediram o seguro-desemprego na agência do Sine de Passo Fundo. Em 2016, o número de pedidos para receber o benefício foi de quase 10,9 mil. A estimativa é que entre oito e 10 mil pessoas estejam desempregadas em Passo Fundo, de acordo com o coordenador da agência, Sérgio Ferrari. O número de desempregados corresponde a quase 10% da população economicamente ativa. A grande vilã do emprego no ano passado foi a indústria da transformação, que chegou a 8% no ano passado, seguida da construção civil. Por outro lado, a que menos demitiu e manteve o saldo na balança é o setor de serviços, seguido pelo comércio.
As pessoas que compõem essas estatísticas passo-fundenses, em 2015 demoravam em média 120 dias para voltar ao mercado de trabalho, o que não chegava a estrapolar os cinco meses de benefício desemprego. Atualmente, conforme Ferrari, a média é de oito a nove meses para ser contratado novamente. Quando o benefício termina, começa a surgir um desespero nas pessoas, segundo explica o coordenador do FGTAS/Sine. “O número de não que as pessoas levam hoje em dia é muito grande”, afirma.
Para quem ainda está recebendo o benefício, a realidade é um pouco diferente agora. Devido ao grande volume de pagamentos entre os dias 11 e 22 de janeiro, o Ministério do Trabalho definiu que os benefícios serão liberados pelas agências da Caixa Econômica Federal de acordo com o número final do PIS do beneficiário. Quem tiver o número do PIS terminando em 1 e 2 pode fazer o saque a desde a úlima terça-feira (17). Aqueles trabalhadores que tiverem o documento com fim 3 e 4, desde o dia 18 de janeiro. Trabalhadores com PIS com fim 5 e 6, desde o dia 19 de janeiro. Sete e 8, no dia 20 de janeiro. E aqueles com PIS terminando em 9 ou 0, no dia 21 de janeiro. A correção dos valores vale para todos os trabalhadores demitidos sem justa causa, pescadores artesanais em período do defeso, trabalhadores resgatados em condições análogas ao trabalho escravo e profissionais com contratos de trabalho suspenso.
Com o reajuste, a maior parcela que o trabalhador pode receber passou de R$ 1.542,24 para R$ 1.643,72. A menor parcela não pode ser inferior ao mínimo de R$ 937,00. Sérgio Ferrari explica que, com os novos valores do seguro, se há 5,5 mil pessoas recebendo o benefício em Passo Fundo por semestre, o governo precisa reitrar em torno de R$ 6 milhões para o pagamento. “O benefício é pago com o Fundo de Amparo ao Trabalhador (Fat). Muitas pessoas precuraram a agência nesta última semana, principalmente quem tinha para receber dia 11 ou dia 10. Foi feito o escalonamento e alterou-se a data de receber o benefício, mas são questões de governo”, explica o coordenador.
O valor da parcela do seguro-desemprego considera a variação do INPC, divulgado no dia 10 de janeiro. A variação do INPC tem como base os 12 meses de 2016. Para calcular o valor da parcela, basta fazer a média do salário dos últimos três meses anteriores à dispensa e aplicar as fórmulas a depender do valor. Todos aqueles com salários superiores a R$ 2.417,29 recebem parcelas de R$ 1.643,72.
No RS
Em 2016, 419.650 trabalhadores solicitaram o benefício nas Agências FGTAS/SINE em todo o Estado. O perfil do trabalhador desempregado gaúcho é composto em 42% por mulheres (177.238) e 57,7%, por homens (242.412). A faixa etária com o maior número de solicitações foi de 30 a 39 anos (31%); seguida pelas faixas de 18 a 24 anos (21%), 25 a 29 anos (19%), 40 a 49 anos (18%) e 50 a 64 anos (9,6%). Com relação à escolaridade, 44,9% dos solicitantes possuíam Ensino Médio completo; 15%, Ensino Fundamental completo e 11,5%, Ensino Médio incompleto. Ainda, 34,6% recebiam salários entre R$ 1.320 e R$ 1.760; 25%, de R$ 1.760 a R$ 2.640 e 23,7%, de R$ 880 a R$ 1.320.
As ocupações com o maior número de solicitantes foram vendedor de comércio varejista (29.600), auxiliar de escritório (17.217), alimentador de linha de produção (14.971), faxineiro (14.722), motorista de caminhão (12.398) e operador de caixa (11.315). Os setores econômicos que registraram o maior número de requerentes foram serviços (105.296), comércio (94.384), indústria (93.135), construção civil (27.514) e agropecuária (12.103).
Ações do Sine
Ferrari afirma que é possível que em 2017 seja realizada mais uma edição do EmpregaRS. Além disso, ele enfatiza que os agentes têm ido procurar mais vagas e a agência está incentivando o artesanato. Com a carteira de artesão, o trabalhador fica isento de taxas e pode expor seu trabalho em feiras e exposições da cidade. “Estamos batendo na questão do artesanato. Quando tu devolve essa pessoa para o mercado, também é considerado emprego, gera renda e isso é bom”, salienta.