Segundo o economista Raul Luís Assumpção Bastos, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), "o aspecto mais preocupante do mercado de trabalho no Brasil neste cenário de crise econômica é o desemprego. O Brasil tem cerca de 11,76 milhões de pessoas desocupadas, o que resulta numa taxa de desocupação de 11,5% em 2016". A análise Desemprego na RMPA: uma comparação entre 1998-1999 e 2015-2016 foi apresentada na divulgação da Carta de Conjuntura de fevereiro, nesta terça-feira (14).
Raul Bastos traça uma análise comparativa do desemprego da RMPA entre a crise de 2015 e 2016 com os anos de 1998 e 1999, período antecedente de maior gravidade. Esta comparação foi possível pelo fato de o trabalho utilizar dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMPA (PED-RMPA), da FEE e parceiros, que hoje se constitui na mais longa série histórica da Região, com médias anuais dos seus indicadores, de forma ininterrupta, de 1993 até o presente.
Segundo o pesquisador, "o crescimento do desemprego na RMPA nos dois períodos enfocados na pesquisa resulta de movimentos bastante distintos do nível de ocupação e da oferta de força de trabalho. Na crise atual, o aumento do desemprego foi determinado pela contração do nível ocupacional, combinado com a elevação da População Economicamente Ativa, em 2015, mas atenuado pela saída de pessoas do mercado de trabalho, em 2016. Já no período 1998-1999, a elevação do desemprego foi provocada por um crescimento da oferta de força de trabalho em larga escala, muito superior à capacidade de geração de oportunidades ocupacionais pela economia regional naquela conjuntura, resultando na mais alta taxa de desemprego da RMPA (19%).
Variações anuais dos contingentes de PEA de ocupados e de desempregados
na RMPA-1998, 1999, 2015 e 2016. Fonte: PED-RMPA – Convênio FEE, FGTAS, SEADE, DIEESE e apoio MTE/FAT.
Já o economista da FEE Bruno Paim discute a taxa de juros para o consumidor, salientando que dois fatores são centrais sobre o tema: a Selic, isto é, a taxa básica de juros fixada pelo Banco Central e que determina qual o custo de captação de recursos pelos bancos comerciais , e o spread bancário. “O spread é o que o banco comercial cobra dos consumidores a fim de cobrir seus custos administrativos, impostos, provisões de inadimplência e formar o lucro. Tradicionalmente, três fatores são particularmente relevantes na fixação do spread: a Selic, a inflação e o risco de inadimplência”.
Contudo, em 2016, ainda que com a inflação em queda, a Selic e o risco de inadimplência estáveis (com um ligeiro crescimento no início de 2016), o spread bancário aumentou substancialmente. Bruno Paim traça, então, uma análise a partir da concorrência no setor bancário e, mais especificamente, do papel dos bancos públicos na fixação do spread em 2012 e 2016. “Enquanto em 2012 os bancos públicos lideraram uma redução do spread e, com isso, conquistaram mercado, em 2016, a nova gestão busca recompor os níveis de rentabilidades”, explica Paim. Mesmo que a Selic siga caindo em 2017, a taxa de juros ao consumidor não deve cair a ponto de compensar tudo que subiu em 2016”.
Confira a íntegra do O Longo Caminho entre o Copom e o Consumidor.