As vagas temporárias, orfertadas nos últimos meses do ano principalmente pelo setor do comércio, geralmente despertam uma esperança em quem tenta sair das estatísticas de desemprego. Porém, esse ano, as estatísticas apontam para um lojista mais prudente nas efetivações. O saldo de demissões no comércio, no primeiro mês de 2017, foi de 114 postos, com 679 admissões e 793 desligamentos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho.
No mesmo período de 2015, o saldo negativo foi de 150 postos de trabalho no setor, enquanto no ano passado o comércio registrou duas contratações a mais do que desligamentos no primeiro mês. Em anos anteriores, os desligamentos no setor do comércio ficaram mais evidentes em abril. Em 2015, no quarto mês do ano, foram desligados 119 funcionários como saldo no comércio. Já no ano passado, em abril, o saldo negativo foi de 76 empregos. Os números refletem o cenário nacional. O setor foi o que mais demitiu em janeiro, com 60.075 vagas encerradas. Em solo gaúcho não foi diferente, o comércio liderou o saldo negativo do mês, com mais de 2,1 mil desligamentos.
A presidente do Sindilojas Passo Fundo, Sueli Morandini Marini, afirma que o resultado desses números negativos, não só no comércio, mas em demais setores, é reflexo do cenário atual. “O resultado desse número de mais pessoas demitidas tem um significado diferenciado de alguns anos atrás, em função de toda essa crise política e econômica, que fez com que os empresários diminuíssem o quadro de funcionários e muitos fecharam suas portas”, aponta. Por isso, Sueli salienta a importância da capacitação. “O temporário poderá ser contratado se a qualidade dele for superior a outros que já estão contratados neste estabelecimento”. Para os próximos meses, com o feriado de Páscoa já em mente, a dica da presidente é apostar em uma loja atrativa e decorativa, além de bom atendimento ao público para aumentar as vendas.
Em Passo Fundo
As demissões do comércio pressionaram negativamente o saldo final da geração de emprego passo-fundense. Foram 82 vagas perdidas no primeiro mês de 2017, com 1.897 contratações e 1.979 desligamentos. Para janeiro, o saldo é o pior desde 2015, quando foram 173 demitidos a mais do que contratados. Em janeiro do ano passado, o saldo foi de 8 postos de serviço negativo. Se analisado por setor, depois do comércio, está a extrativa mineral em saldo negativo. Nos demais setores do Caged, ou o saldo não apresentou movimentação, como a indústria da transformação e os serviços de utilidade pública. Por outro lado, quem mais contratou foi o setor de serviços, que ficou com saldo de 27 vagas.
Caged Nacional
Pelo 22º mês seguido, mais pessoas foram demitidas do que contratadas com carteira assinada. O país fechou 40.864 postos formais de trabalho em janeiro. O número leva em conta a diferença entre admissões e demissões. A última vez em que o Caged registrou saldo positivo foi em março de 2015, quando 19,2 mil vagas haviam sido criadas. Apesar do desempenho negativo em janeiro, o saldo foi melhor que no mesmo mês de 2015 e 2016, quando haviam sido extintas 99.694 e 81.744 vagas, respectivamente. Nos 12 meses encerrados em janeiro, o país acumula o fechamento de 1,28 milhão de postos formais de trabalho. Em 2016, o país extinguiu 1,32 milhão de vagas com carteira assinada, com pequena melhora em relação a 2015, quando 1,54 milhão de empregos haviam sido extintos.
Comércio lidera demissões