Venda de carnes permanece estável nos mercados

Produtos de empresas investigadas na operação da PF não sofreram grandes retaliações de consumidores passo-fundenses, que preferem carnes resfriadas e não embaladas, diz Sincogêneros

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Passada mais de uma semana da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal (PF), as consequências e repercussões continuam. Por um lado, o governo Federal se esforça para reverter a imagem da carne brasileira no mercado mundial, que está entre os dez produtos mais exportados em 2016. O país arrecadou mais de U$ 10,2 bilhões na comercialização de carnes de frango e bovino no ano passado. Após os escândalos terem sido divulgados, a balança comercial brasileira pode sofrer retaliações neste ano.

Por outro lado, as consequências econômicas no comércio nacional e local parece não terem surgido com tanta intensidade. Conforme a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), não houve retaliações por parte dos consumidores de carnes e embutidos e a venda permaneceu estável no primeiro fim de semana posterior a divulgação da operação da PF. Em Passo Fundo, a venda de carnes embaladas e embutidos também permanece sem alterações, conforme o presidente do Sincogêneros, Ivan Manfroi. O supermercadista acrescenta que um dos fatos que mantém a estabilidade das vendas é o perfil do consumidor. “Somos interior do Estado e aqui a venda dessas carnes embaladas representa em torno de 20% em relação ao total de carne comercializada. O nosso consumidor prefere as carnes resfriadas vendidas em mercados e açougues”, informou.  

Essa carne que agrada o consumidor local, passa por um processo de fiscalização do município. Dividida em três instâncias de inspeção, os produtos que são produzidos e vendidos em Passo Fundo são de responsabilidade da prefeitura. Os produtos que são vendidos dentro do Estado são de competência dos órgãos do governo do RS e os que são exportados ou comercializados para outros estados são de competência dos órgãos federais. Em algumas vezes, são desenvolvidas ações em conjunto entre as fiscalizações.

Com quatro abatedouros e 13 fábricas de embutidos, a Secretaria de Interior do município realiza a inspeção constante dos produtos. São nove fiscais atuando pela prefeitura. “O município fiscaliza o que é comercializado e abatido localmente. O animal é acompanhado desde o transporte, quando ainda está vivo, até o pós-morte. Tem uma guia de transporte e quando ele vai ser abatido os veterinários acompanham todo o processo”, explica o secretário da pasta, Antônio Bortolotti.   

A fiscalização é rígida, conforme Bortolotti. “Todos os abatedouros são fiscalizados e o que for fora da lei, por exemplo se o animal tiver uma doença constatada pelos veterinários, é eliminado. Quanto aos animais que são abatidos sem a inspeção, só se saberá quando ocorrer uma fiscalização em mercados e açougues, momento em que é apreendido o produto e o proprietário é autuado” aponta.

Essa fiscalização em mercados geralmente é feita em conjunto com outros órgãos, como ocorreu em novembro do ano passado, na Operação Consumo Seguro, da Polícia Civil. Aqui também entra o papel de outro órgão municipal, a Vigilância Sanitária. Este órgão, por sua vez, funciona através de um alvará que é expedido para comprovar que o estabelecimento cumpre todas as normas previstas. “Nós temos a política de que sempre que a instituição tem alvará, ela cumpre minimamente as exigências estabelecidas. Mesmo assim, todas as empresas recebem a visita da fiscalização ao menos uma vez por ano”, enfatiza o secretário de Saúde, Luiz Artur Rosa Filho.

Além da fiscalização, o órgão recebe muitas denúncias e o secretário assegura que todas são conferidas pela equipe. Ao total, são 10 agentes fiscais que se dedicam exclusivamente à inspeção. “São poucos casos de consequências de produtos mal preparados ou impróprios para o consumo humano e sempre que isso acontece há multas aplicadas ao estabelecimento”, pontua. Luiz Artur Rosa Filho tranquiliza que os produtos vendidos em Passo Fundo são de qualidade e que os órgãos de fiscalização trabalham com controle rigoroso para que irregularidades não passem.  

Produtos retirados das prateleiras

Grandes redes de supermercados divulgaram nota em relação aos produtos das empresas envolvidas na operação. Em muitos casos, como na Walmart Brasil, foram solicitados esclarecimentos e retirados de venda os produtos oriundos das plantas frigoríficas interditadas. Em Passo Fundo, conforme Ivan Manfroi, até o momento não foi realizada nenhuma ação semelhante. O presidente do Sincogênero afirmou que a cadeia de produção de carne é grande e foi interditado uma pequena parcela de frigoríficos, que dificilmente chegaria na região. 

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