LOGÍSTICA: Mais de 50 anos de atraso na Infraestrutura

Logistech terá parceria da Fiergs na próxima edição

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Evento debateu as deficiências, gargalos e possíveis soluções para a logísticaEvento debateu as deficiências, gargalos e possíveis soluções para a logística
Evento debateu as deficiências, gargalos e possíveis soluções para a logística
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O custo da logística no Rio Grande do Sul equivale a 20,25% do PIB do Estado e sobe uma média de 0,3% a 0,6% todos os anos. Nos Estados Unidos, este custo está estabilizado em 8,5%. Isso significa que os gaúchos não sabem o que vai acontecer no dia seguinte, enquanto os norte-americanos conseguem projetar seu futuro a longo prazo, porque os índices são os mesmos hoje ou daqui a dez anos. Os dados fazem parte de um estudo da Intelog (Inteligência em gestão logística) e foram apresentados nesta sexta-feira pelo diretor da empresa e também membro do Conselho de Logística da Fiergs Paulo Menzel, no primeiro painel do Logistech, evento realizado pela Universidade de Passo Fundo e que no próximo ano a Logistech terá a parceria da Fiergs.

Menzel diz que o elevado custo que estamos pagando pela logística do que produzimos se deve ao atraso de mais de 50 anos na infraestrutura do Estado e também do país. “É o nosso dinheiro que está indo embora. São as empresas que estão saindo do cenário nacional e internacional em função da logística. Custa cada vez mais produzir”, disse

O empresário foi duro quando afirmou que se algo não for feito de forma radical nos próximos dez anos, o Estado vai parar de produzir grãos. “O agricultor vai parar de plantar, não por causa do grão, mas porque quando ele deixa a sua propriedade e vai até o porto de Rio Grande, ele perde tudo o que produziu na lavoura por causa do alto custo da logística. Há 55 anos esquecemos de uma coisa chamada infraestrutura”, completou. O custo competitivo deveria ser de 6,2%, mas em função do grau de complexidade para chegar a este ideal, Menzel acredita que se conseguirmos manter os atuais 20,25% nos próximos dez anos, já teremos feito um esforço hercúleo.

Rodovias

O Brasil tem 1 milhão 712 quilômetros de rodovias federais, estaduais e municipais e apenas 12% deste total tem asfalto. O índice pode ser ainda menor se for levando em consideração o total de estradas vicinais, totalizando mais de 4 milhões de vias no país. São 212 mil quilômetros de vias asfaltadas, sendo que a grande maioria em situação precária.

Menzel diz que o Brasil precisa olhar para outros exemplos como a China e entender como ela está fazendo sua infraestrutura para conversar com o mundo. Os modais precisam se interligar. Nos Estados Unidos, só 32% do transporte é rodoviário. No Brasil, segundo Menzel, os aeroportos estão operando acima da capacidade há 50 anos e as ferrovias só estão com uma capacidade instalada, mesmo precária, de 22 mil quilômetros porque houve concessão para a iniciativa privada. “Se não tivesse ocorrido o processo lá em 1997, não teríamos nada e estaríamos vivendo um inferno”, assegura.  

O conselheiro da Fiergs diz que a sociedade e a grande culpada de tudo o que está acontecendo, porque é ela quem decide sobre quem vai governar. “O que interessa agora é que o modelo instalado não funciona. Precisamos mudar”, completou.

A Logistech vem pelo terceiro ano consecutivo debater o tema da logística, por entender que o desenvolvimento de uma região passa, necessariamente, pela forma como ela organiza a logística da distribuição daquilo que produz, o que envolve uma série de desafios, como a falta de recursos, de iniciativas e de comprometimento político.  O evento, que reuniu lideranças políticas e comunitárias para debater ações e mecanismos para alavancar o crescimento do Estado, acontece nesta sexta-feira, 31 de março, no Centro de Eventos do Campus I da Universidade.

Nesta edição, o sistema ferroviário instalado, ganhou destaque em um dos debates. Participaram o vice-presidente da Fiergs, Antônio Roso, o deputado federal Cajar Nardes e secretário estadual de Transportes, Pedro Westphalen, além do reitor da UPF, professor José Carlos Carles de Souza, e do coordenador da atividade, Marcos Cittolin.

Para o reitor, a Universidade precisa estar na vanguarda das ações que visam refletir e propor melhorias para a região. Em sua fala, ele reforçou que o envolvimento das instituições é fundamental para que as mudanças aconteçam. “A UPF tem proporcionado o debate de temas relevantes, aproximando autoridades regionais e nacionais para melhorar questões ligadas à logística. Esses temas são suprapartidários e nos colocam no centro das ações para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. A logística é um dos vetores que promovem o crescimento de uma região, e nossos encontros mostraram as carências, as melhorias necessárias e as ações que precisam ser feitas”, destacou.

O Logistech não se propõe apenas como um espaço para reivindicações, mas como palco para a descoberta de soluções efetivas para os temas pautados. Na opinião do coordenador da atividade, Marcos Cittolin, hoje, as condições e a ineficiência dos modais ferroviários tornam o Estado menos competitivo. “Apesar do nosso crescimento e desenvolvimento, ainda temos como nosso principal desafio as nossas condições de logística. Nossa ferrovia foi construída em uma época em que a realidade era completamente diferente, mas a Ferrovia Norte/Sul pode ser a grande novidade que a economia do Rio Grande do Sul terá”, pontuou.

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