Contradições da safra: Alta produtividade, baixa capacidade de armazenagem e transporte precário

Região tem capacidade para armazenar cerca de 40% da produção. Investimento em silos nas propriedades pode representar maior rendimento aos produtores

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Falta de silos para armazenagem nas propriedades aumenta o fluxo de caminhões nas estradas e encarece fretes até os portosFalta de silos para armazenagem nas propriedades aumenta o fluxo de caminhões nas estradas e encarece fretes até os portos
Falta de silos para armazenagem nas propriedades aumenta o fluxo de caminhões nas estradas e encarece fretes até os portos
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Ao final da colheita da safra de soja, a região vive uma contradição. Enquanto os produtores investiram em boas tecnologias que, auxiliadas pelas excelentes condições climáticas vivenciadas no período, garantiram uma produção histórica, a capacidade de armazenagem e de transporte ainda estão aquém do ideal. A soja retirada do campo precisa ser, quase que imediatamente, destinada à indústria ou à exportação. Com isso o produtor perde a possibilidade de vender a produção em um período onde os preços seriam mais atrativos. Além disso, as perdas no transporte devido às condições gerais das estradas e dos caminhões são fatores que intensificam a perda.

Enquanto em países desenvolvidos mais de 50% das safras ficam armazenadas nas propriedades, no Brasil esse percentual é de apenas 15%. O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, explica que o resultado desta safra é histórico. Na região, cerca de 575 mil hectares foram cultivados com soja, o que representa um crescimento de 2% em relação ao ano passado. Com quase 90% da soja já colhida, a estimativa é de que a safra se encerre com uma média geral de produtividade de 3,6 mil quilos por hectare. “É uma safra muito boa e que foi beneficiada por condição climática altamente favorável e condução tecnológica das lavouras”, avalia.

Apesar do bom resultado, Dóro esclarece que a região tem vivido um problema para armazenar toda essa produção. Isso porque em um curto período de tempo houve um volume muito grande de produtos colhidos que agora precisam ser escoados para dar lugar à soja. Embora a capacidade de armazenamento tenha crescido nos últimos anos, ela ainda não foi suficiente para acompanhar o crescimento da produtividade das lavouras. “Pela capacidade estática disponível, não temos como armazenar tudo isso. Menos mal que não tivemos problema de chuva na colheita. Colhemos o produto seco e ele foi processado rapidamente. Se tivéssemos chuva, teríamos um grande problema esse ano”, enfatiza.

Benefícios da armazenagem na propriedade

O engenheiro agrônomo explica que o produtor que investe em sistemas de armazenamento na propriedade consegue agregar valor ao produto. Isso porque aumenta a qualidade, o poder de barganha e a possibilidade de vender em períodos de preços melhores, além de poder utilizar os resíduos na adubação e mesmo na alimentação animal. Segundo ele, os preços de um produto ofertado com mais qualidade pode ser de 5% a 10% maiores em relação ao preço de balcão. “Para o produtor conseguir uma certa independência ou estabilidade na produção é preciso ter irrigação na propriedade e sistema de armazenamento”, resume.

A matéria completa você confere nas edições impressa e digital de O Nacional.

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