Saúde, educação, infraestrutura. O que esses três ramos têm em comum é que são prestadores de serviços. O setor, que abraça diversas áreas, é o mais expressivo em Passo Fundo - representando mais de 70% do Produto Interno Bruto em 2014. Ao longo dos últimos anos, foi ele que segurou os índices de geração de emprego no município enquanto outros setores, como a construção civil e a indústria por exemplo, a pressionavam negativamente. Em março não foi diferente. Foram abertas quase 2 mil vagas formais no setor, no terceiro mês do ano e, por outro lado, fechadas mais de 900 postos. O saldo, de 836 postos de trabalho, é o maior do setor para o mês já registrado no município, na série histórica iniciada em 2004. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho.
Líder consecutivo como o setor que mais contratou nos três primeiros meses, os serviços já abriram mais de mil postos de emprego em 2017. Para o professor e coordenador da Escola de Administração da IMED, Adriano José da Silva, é possível atribuir alguns fatores a este salto de contratação no setor. “Teve a Páscoa e seus festejos, a supersafra - que pode ter demandado muitas contratações temporárias do ponto de vista de transporte, mecânica, enfim um conjunto de serviços para atender as necessidades do agronegócio - e também a própria Expodireto, que indiretamente deve ter contribuído no sentido em que somos um dos principais fornecedores de serviços para essa grande feira”, pontua o especialista.
No mesmo período do ano passado, o setor apresentou saldo de 62 vagas de trabalho. Já na comparação sazonal com 2015, foram 175 postos. Antes desse ano, o saldo mais alto do setor, para o mês de março, havia sido em 2011, quando foram criados 321 empregos. Conforme Silva, os dados corroboram o que dizem os economistas de que os serviços é um dos últimos setores a sentir os reflexos da crise econômica. “A retomada no setor de serviços sinaliza que pode ser a retomada da economia. Eu acredito muito nisso e acredito que tem muito a ver com o agronegócio, que envolve uma cadeia muito forte em nossa cidade”, enfatiza o professor.
Indícios de melhora
Os dados são positivos, mas exigem cautela. De acordo com o coordenador da Escola de Administração, ainda é cedo para afirmar que os dados indicam sinais de crescimento na geração de emprego e retomada econômica. “É um indicativo muito interessante tendo em vista que pela série histórica é a primeira vez que isso acontece. Acredito que é um bom indicador de uma possível retomada consistente do crescimento, mas só poderemos afirmar isso de fato daqui a alguns meses, quando a gente conseguir manter uma trajetória crescente e não ficar oscilando. É preciso monitorar por um período para verificar se esse número de geração de emprego vai ser sustentado ao longo dos próximos meses. Mas consolida Passo Fundo como um grande polo gerador e produtor de serviços para todo o norte do Estado”, aponta.
