Oito anos de pesquisas e milhares de linhagens testadas, resultaram no lançamento, nesta semana, de duas cultivares de trigo precoce e superprecoce. Segundo o melhorista e diretor da Biotrigo Genética, Dr. André Cunha Rosa, a linha de pesquisa buscou trazer novas tecnologias que pudessem produzir mais em menos tempo, sem perder qualidade e que ajudassem a garantir uma lavoura mais rentável e de melhor encaixe no sistema produtivo atual. Os trigos, que são os primeiros filhos do TBIO Toruk, foram lançados pela Biotrigo Genética durante a 11ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (RCBPTT) e o Fórum Nacional do Trigo 2017, realizados em Cascavel/SC nesta semana.
O TBIO Sonic, que atende à demanda do mercado por cultivares de trigo melhorador e de ciclo superprecoce, foi desenvolvido a partir de um cruzamento com o TBIO Toruk. Avaliada em diferentes locais do Rio Grande do Sul e do Paraná, o trigo possui 20 dias de ciclo a menos que a cultivar progenitora. Possui hábito vegetativo intermediário a semi-ereto, porte baixo e é resistente à germinação na espiga e à debulha. Também se destaca pela moderada resistência ao acamamento e ao crestamento. Em relação às principais moléstias que atacam a cultura, o TBIO Sonic apresenta moderada resistência às principais doenças do trigo, como brusone, ferrugem da folha, mancha amarela, bacteriose e ao vírus do mosaico. Segundo André, a cultivar permite fazer, por exemplo, três ciclos em um ano nas regiões mais quentes onde o trigo tem menor espaço no inverno. “Soja do cedo, um milho safrinha bem precoce, trigo e, depois tudo novamente”, explica.
Já o TBIO Audaz, também possui qualidade melhoradora, hábito vegetativo intermediário, porte médio-baixo e tem ciclo precoce (aproximadamente 10 dias a menos que o TBIO Toruk). A cultivar apresenta ótima resistência à germinação na espiga e moderada às principais doenças do trigo, como o complexo de manchas foliares, mosaico, brusone, giberela e bacteriose. Embora mais precoces, ambas novidades mantém o potencial produtivo de TBIO Toruk. Em 2018, ambas entram para multiplicação e, em 2019, os agricultores terão acesso a semente certificada podendo semear em suas propriedades.
Para um novo nicho de mercado
Outra nova tecnologia para trigo que passa a fazer parte das indicações técnicas da Comissão para os produtores nas próximas safras é cultivar TBIO Energia II. Com características semelhantes ao TBIO Energia I (lançado em 2016), a variedade é classificada como trigo para outros usos e deve ser destinada apenas para alimentação animal. Como todos os trigos que levam o nome “Energia”, o TBIO Energia II também não possui aristas, o que amplia as oportunidades da utilização do cereal para alimentação de gado de corte e de leite. Entre os diferenciais, possui ciclo até 20 dias mais curto, proporcionando o cultivo nas regiões mais quentes, que têm uma grande bacia leiteira e de corte, como Norte e Oeste do Paraná, São Paulo, Sul de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Para as regiões frias, o benefício é liberar as áreas mais cedo para as culturas de verão, aproveitando a lavoura durante todo o ano e os rendimentos de um novo nicho de mercado para o trigo.
O gerente de Novos Negócios da Biotrigo, Jorge Stachoviack, revelou bons dados agronômicos, de nutrição, produtividade e de resistência às doenças da cultivar. “Possui hábito vegetativo ereto, porte médio a alto, ciclo superprecoce a precoce, apresentando resultados satisfatórios de rendimento de grãos. Além disso, possui elevada produção de matéria verde e excelente sanidade foliar, tendo boa resistência às doenças do trigo, como manchas, bacteriose, mosaico e giberela, o que é importante para produção de alimento para os animais. E, no que diz respeito a nutrição do gado, o trigo é uma ótima fonte de energia, refletindo diretamente na produtividade do animal”, explicou.
Extensões de uso
Além dos lançamentos, foram oficializadas as extensões de uso das cultivares Inova, TBIO Alpaca, TBIO Energia I e TBIO Noble, ampliando as oportunidades de cultivo de materiais já consolidados no mercado para novas regiões, além de assegurar o acesso à seguro agrícola, através da inclusão no Zoneamento do Trigo já na safra de 2018.
Sobre o evento
A Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (RCBPTT) acontece anualmente com o objetivo de apresentar os mais recentes trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelas instituições governamentais e privadas e de aprimorar os sistemas de produção de trigo e triticale. O Fórum Nacional do Trigo tem discutido os temas de maior relevância para as culturas de trigo e triticale, promovendo um debate político desde a cadeia produtiva até o consumidor final. Nesta edição, os eventos foram organizados pela Coodetec com o apoio de diversas instituições de pesquisa ligadas ao desenvolvimento do trigo no Brasil.