A participação modesta dos produtos agrícolas nas exportações fez a balança comercial de Passo Fundo registrar números inferiores aos do ano passado. A queda mais acentuada foi no trigo e na sua mistura com centeio, que caíram 86,33% nos primeiros oito meses desse ano. Nesta comparação sazonal, as exportações de resíduos de soja tiveram queda de 76%, o milho teve decréscimo de 72,8% e a soja diminuiu 10,51%.
Por outro lado, houve aumento na comercialização de produtos industriais. As máquinas e aparelhos de uso agrícola cresceram 106,31% e os instrumentos e aparelhos automáticos para regulação ou controle (utilizados em ópticas, fotografia ou cinematografia, medida, controle ou de precisão; aparelhos médico-cirúrgicos; aparelhos de relojoaria; instrumentos musicais) tiveram aumento de 628,35%. Os resíduos de alumínio registraram acréscimo de 147,55%. A China é o principal comprador dos produtos locais. Neste ano, até agosto, o país comprou U$ 336,4 milhões de Passo Fundo.
Após fechar agosto com U$ 76,9 milhões em exportações, o acumulado do ano já denota queda de aproximadamente 15% em relação a 2016. No mesmo período, no ano passado, as vendas internacionais alcançaram os U$ 89,6 milhões. Com U$ 7,1 milhões importados, o superávit (resultado das exportações menos as importações) do mês foi de U$69,7 milhões. Em agosto do ano passado, o saldo da balança comercial foi de U$83,2 milhões. Nos primeiros oito meses deste ano, o saldo é de U$ 370,8 milhões, enquanto que em 2016 o superávit era de U$ 482,3 milhões.
Exportações do agronegócio gaúcho
A realidade comercial dos produtos agrícolas em Passo Fundo não é reflexo do estado. Após dois meses de quedas consecutivas, as exportações do agronegócio gaúcho voltaram a ter resultado positivo. Na comparação com julho deste ano, as vendas de agosto do setor para o exterior cresceram 9,2% no valor e 13,5% no volume. O resultado é equivalente a um incremento de US$ 98,9 milhões na comercialização. Os dados estão no Relatório do Comércio Exterior do Rio Grande do Sul, divulgado pela Assessoria Econômica do Sistema Farsul, nesta quarta-feira, dia 13.
Os produtos que mais impulsionaram as vendas foram soja, carnes e produtos florestais com 19,2%, 9,7% e 6,9%, respectivamente. Já cereais (-42%) e fumo (-1,9%) apresentaram movimento contrário. Em relação a agosto de 2016, o resultado é uma queda de 8,5% no volume exportado, uma retração de US$ 109 milhões. Nessa comparação, novamente o grupo carnes teve aumento, tendo os subgrupos frango e suína como principais responsáveis. Destaque também para o grupo cereais que aumentou as vendas em 74%, puxadas pelo arroz. Outros grupos importantes registraram queda como soja (9,7%), fumo (19,8%) e produtos florestais (14,3%).
No acumulado do ano, o Rio Grande do Sul exportou US$ 7,508 bilhões, queda de 5% na comparação com o mesmo período de 2016. Dos principais produtos comercializados pelo estado, somente o grupo cereais apresentou resultado positivo com 4,8%, atingindo US$ 1,309 bilhão. Entre os principais destinos das vendas de agosto, a China permanece como principal comprador, respondendo por 44% do total do valor comercializado. Em segundo lugar aparece os Estados Unidos, com 4%, e a Rússia, com 3,5%.
Outros setores
As exportações do Rio Grande do Sul caíram em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado. A análise desagregada mostra que a indústria de transformação interrompeu uma sequência de nove altas consecutivas nessa base de comparação, ao recuar 2,6% (total de US$ 1,13 bilhão). Já as vendas externas totais somaram US$ 1,74 bilhão, o que representa queda de 0,6% em relação ao mesmo período. ”Já estávamos observando com preocupação a perda de dinâmica do setor exportador da indústria gaúcha ao longo dos últimos meses. A manutenção desse cenário certamente atrasará a retomada econômica do nosso Estado, uma vez que as condições do mercado interno ainda seguem difíceis”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Gilberto Porcello Petry. Por sua vez, o grupo dos produtos básicos, cujos embarques no exterior alcançaram US$ 603 milhões, cresceu 3,6% no período.
Apenas nove das 23 categorias do setor industrial que registraram alguma operação de exportação no mês passado cresceram, sete caíram e outras sete permaneceram estáveis. Os destaques positivos ficaram com Veículos automotores, reboques e carrocerias (+33,7%) e Químicos (+23,2%). Por outro lado, as perdas mais significativas vieram dos Alimentos (-17%) e de Tabaco (-19,4%). Em todos os casos, seja para as maiores altas ou baixas, as quantidades foram determinantes para explicar a variação dos valores.
A Argentina foi o principal destaque do mês de agosto, ao elevar sua demanda externa por produtos gaúchos do segmento em 37,3%, especialmente veículos automotores. O avanço, apesar de intenso, foi menor do que a média registrada ao longo de 2017: 44,8%. O país vizinho segue como o segundo principal destino das exportações do RS, atrás apenas da China, que aumentou suas compras em 15,5%, atingindo US$ 627,5 milhões.
Ainda sobre agosto, as importações totais foram de US$ 881 milhões, alta de 5,5%. Na separação por categoria de uso, Combustíveis e Lubrificantes (+159,4%), Bens de capital (+24,5%) e Bens de consumo (+1,6%) cresceram. Já os Bens intermediários sofreram queda de 5,8%.