O slogan Future Now foi seguido ao pé da letra no IAA Cars 2017. A 67ª edição do Salão Internacional do Automóvel, em Frankfurt na Alemanha, mostrou o futuro. Sim, agora, de 14 a 24 de setembro, antecipou como será o mundo automotivo. Mais do que tendências, apontou caminhos e deixou bem claro como logo estaremos rodando. O empresário Ricardo Possa esteve lá, viu novidades, observou tendências, conheceu tecnologias e colocou um pé no futuro. Em uma mostra com mais de 1.100 expositores e um milhão de visitantes, encontrou parâmetros para compreender o que vem por aí. Aliás, voltou com reminiscências futurísticas. “Os três pilares da exposição foram, pela ordem, a mobilidade elétrica, a dirigibilidade autônoma e a mobilidade urbana”. Enfim, depois de visitar a mais importante exposição da indústria automobilística, entende que os veículos seguem para um mesmo caminho: partem da energia limpa para a automação e a utilização racional dos espaços.
O foco das indústrias
O diretor da Pampa Serviços e Auto Peças, revenda Volkswagen há 55 anos em Passo Fundo, voltou convencido de que o carro elétrico é uma realidade. “Todas as grandes fabricantes estão focadas no desenvolvimento de modelos elétricos. Entram nessa briga marcas tradicionais como Volkswagen, Mercedes Benz e BMW, além de novas como a Tesla, por exemplo.” Tendência? Não, Ricardo explica que isso já é uma realidade. “A Volkswagen está investindo 20 bilhões de Euros e, até 2030, poderá oferecer ao mercado 50 modelos elétricos”. E, é bom lembrar, 2030 está logo ali. Mas, como toda inovação tecnológica, o carro elétrico também deve superar alguns obstáculos iniciais. “Mesmo na Europa, agora o custo é praticamente três vezes maior”.
Híbrido no Brasil
Já em nível de Brasil, ele entende que a infraestrutura é uma adversidade. “Teremos que montar redes de abastecimento e a nossa energia é muito cara. Por isso, acredito que o uso do carro 100% elétrico ainda vai demorar um pouco mais. Assim, o carro híbrido (gasolina – elétrico) é o caminho em médio prazo”. Justifica que isso facilitaria as opções de abastecimento com combustível na rua e com carregadores elétricos em casa. Além disso, ainda é necessária a implantação de locais de abastecimento pela iniciativa privada. Porém, entende que logo depois do híbrido as ruas e estradas serão dos carros elétricos. O mercado mundial está de olho nesse caminho. Conta que visitou uma fábrica de vidros (sim, isso mesmo, de vidros!) em Dresden, onde estão focados na produção de veículos 100% elétricos. “É uma tendência sem volta. É como uma flecha”.
Automação crescente
A dirigibilidade autônoma não é mais ficção. Seguindo alguns níveis de automação, os veículos exigem cada vez menos a intervenção do motorista. Os exemplos já estão nas ruas de Passo Fundo, onde modelos como Tiguan e Passat estacionam sozinhos. Ricardo explica que o primeiro nível foi o piloto automático, com a intervenção do condutor para frear e acelerar. “Hoje temos a automação parcial (segundo nível) e o sistema detecta quando frear ou acelerar”. Num próximo patamar está a automação condicionada, com ações por conta própria, mas, ainda exigindo a presença de um motorista. “Em um quarto nível o motorista pode até dormir e o carro fará praticamente tudo. Depois, extingue-se a necessidade da presença de um condutor. Esse desenvolvimento permitirá que o carro não fique no mesmo local e estacione em bolsões próprios para não ocupar espaço. Depois, você chama e ele vem te buscar”.
Aplicativos e conectividade
Se logo teremos carros que praticamente independem de um condutor, encontraremos também novos caminhos para facilitar a mobilidade urbana. Aí, agrega-se a conectividade. “Isso começa pelos aplicativos como Uber, Cabify ou 99”. E, nesse cruzamento de vias tecnológicas “o carro estará na palma da mão, sem tempo ocioso e permitindo o compartilhamento”. O empresário explica que nesta nova concepção ainda será possível a múltipla utilização de veículos. “Um para cada uso, pode ser uma van ou um esportivo, dependendo da ocasião. Esta será uma nova forma como o cliente irá consumir o item automóvel. As necessidades e comportamentos mudam”. Lembra que isso ocorre em consequência de fatores ambientais ou de mobilidade. Ricardo dá um exemplo atual citando a concorrência entre táxi e Uber. Ao invés de uma disputa, vislumbra oportunidades e produtos diferenciados. “São duas opções disponíveis. É uma questão de custo-benefício. O táxi, com qualificação, pode agregar muito e quem decide e se beneficia com a sua escolha é o próprio consumidor”.
SUV em alta
O IAA é a mais abrangente exposição mundial da indústria automotiva. Vai muito além das tendências e dedica imensa área para modelos que vão dos carros-conceito aos caminhões. O Salão de Frankfurt mostra todos os segmentos da indústria automobilística, permitindo uma leitura do mercado atual. Nesse imenso cenário, não faltaram lançamentos, que apontam para uma espécie de carro da moda. O destaque? Ricardo foi enfático ao afirmar que predominou o SUV - veículo utilitário esportivo. “Quase todas as marcas apresentaram lançamentos de modelos SUV. O setor está investindo muito nesse tipo de veículo. É o carro de grande aceitação neste momento, tanto mundial como também no Brasil. Os lançamentos inovam no fator conexão, através de controles remotos, novas luzes e a conectividade dos painéis”.
Novidades chegando às ruas de Passo Fundo
Dentre as novidades apresentadas na feira pela Volkswagen, destaque para a tecnologia embarcada na Tiguan, no Golf e no Passat. “Além do sistema para estacionarem sozinhos, estão em um nível de automação mais elevado, pois freiam e aceleram automaticamente de acordo com o fluxo ou obstáculos”. Mas afinal, o que virá direto de Frankfurt ao Brasil? “Já chegou. É novo Polo, lançado terça-feira (26) em São Paulo. Em novembro já estará disponível aqui na Pampa”, completou com orgulho. O novo VW Polo traz muitas novidades em termos de conexão, cada vez mais focado na interatividade com o condutor.
e-GOLF
Ricardo também visitou uma das unidades da montadora, em Dresden. Ali é fabricado o e-Golf, o modelo elétrico mais conhecido da indústria. Aliás, o carro foi lançado em 1974 no mercado europeu e continua evoluindo. Uma evolução obrigatória. “Hoje o carro está mais ligado ao cliente. É um novo automóvel que surge para atender ao novo perfil dos usuários. O carro elétrico, a evolução dessa conectividade e a automação são caminhos irreversíveis”. Essa foi a leitura do cenário que Ricardo Possa viu em mais de 200.000 metros quadrados de pura tecnologia. É uma nova era do transporte na qual já embarcamos.