A fila para reingressar ao mercado de trabalho

Mais de duas mil pessoas foram à agência FGTAS/Sine em Passo Fundo com objetivo de preencher alguma das 200 vagas disponibilizadas nesta edição

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a fila começou a se formar ainda de madrugada e dobrou a esquina do Colégio Bom Conselho, chegando à Moron em alguns momentosa fila começou a se formar ainda de madrugada e dobrou a esquina do Colégio Bom Conselho, chegando à Moron em alguns momentos
a fila começou a se formar ainda de madrugada e dobrou a esquina do Colégio Bom Conselho, chegando à Moron em alguns momentos
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O ponteiro do relógio marcava por volta de 2h da manhã quando Josué Matheus Pereira chegou à porta da agência FGTAS/Sine de Passo Fundo. O objetivo era garantir atendimento na quarta edição do EmpregarRS, que ocorreu na sexta-feira (27), em todo o Estado. Ele foi o primeiro da fila que dobrou a esquina do Colégio Bom Conselho e chegou à Moron em alguns momentos. Com os currículos em mãos, mais de duas mil pessoas passaram por essa fila, segundo estimativa da coordenação da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) de Passo Fundo. O objetivo dos candidatos era preencher alguma das mais de 200 vagas disponíveis neste ano.

A alta procura reafirma a dificuldade de retornar ao mercado de trabalho, segundo o coordenador da agência FGTAS/Sine de Passo Fundo, Sérgio Ferrari. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, apontam que foram abertas 612 vagas em 2017. Ainda que os números da geração de emprego estejam com saldo positivo no acumulado deste ano, 8,2 mil pedidos de seguro-desemprego foram encaminhados desde janeiro até o início desta semana. 

“Nós temos em torno de 7,5 mil desempregados, e isso é provado pelo tamanho da fila. Mas a nossa felicidade é saber que ao fim desse dia mais de 200 trabalhadores estarão empregados na cidade de Passo Fundo, voltando a gerar renda, ânimo, consumo, dignidade humana”, pontuou Sérgio Ferrari.

As estatísticas de desemprego são acentuadas pelo aumento no tempo que os candidatos levam para retornar ao mercado de trabalho. Os trabalhadores, que há três anos, demoravam o período do benefício seguro-desemprego (de três a cinco meses), agora passam de 8 a 10 meses procurando trabalho.  Josué, 26 anos, possui experiência em açougues e há seis meses tenta reingressar ao mercado de trabalho. Nesse período, já perdeu as contas de quantos currículos largou e garante que está bem complicado conseguir trabalho.

Após ter madrugado na porta, o jovem recebeu encaminhado e deverá realizar a seleção de emprego na próxima semana. Carlos Zimmermann chegou horas depois de Josué, por volta das 7h, quando a fila já havia dobrado a esquina. Ficou com a senha de atendimento 110. A vida toda trabalhou na construção civil – um dos setores que mais sentiu as intempéries da recessão econômica. Zimmermann trabalhava por conta e tinha alguns funcionários até o ano passado, mas desde que as obras começaram a andar em um ritmo mais lento, ele precisou mudar os planos. “Eu já ganhei muito dinheiro trabalhando por conta, mas agora está tudo parado. Achei melhor procurar um emprego com carteira assinada”, pontua. Faz sete meses que Carlos busca trabalho. Neste período, sobrevive fazendo alguns bicos, o que não lhe garante segurança. Estava em busca de emprego em qualquer setor. “O que aparecer”, enfatizou.

Cursos de capacitação

 Além das vagas, o EmpregarRS ofereceu, aos candidatos, cursos de capacitação e orientações sobre entrevistas, dicas para estruturar o currículo, leis trabalhistas, dentre outros. Além do governo do Estado e do Executivo Municipal, essa edição teve parceria da UPF, por meio do Balcão do Trabalhador, do Sistema S, IFSul, além de empresas particulares.  

“A pessoa que veio até a agência não perdeu tempo. Ela conseguiu muitos cursos gratuitos, inclusive com empresas particulares na área de marketing pessoal aprendendo como se portar em uma entrevista. Muitas pessoas que vêm aqui só têm o setor público para auxilia-las. Se essa pessoa tem recurso, ela vai a uma agência particular. Aqui não, o serviço é 100% gratuito. E com cunho social, é a nossa obrigação. Não estamos fazendo nada além disso”, aponta Ferrari.

EmpregarRS

O EmpregarRS da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) contabilizou mais de 6,3 mil atendimentos, nas 70 Agências FGTAS/Sine no Estado. Ao todo, 4,1 mil trabalhadores foram encaminhados para oportunidades de emprego no evento. O EmpregarRS objetiva promover a inserção de trabalhadores no mundo do trabalho, além de oferecer atividades de orientação profissional e de empreendedorismo. As Agências FGTAS/Sine que obtiveram os maiores números de trabalhadores atendidos foram Porto Alegre (698), Santa Maria (274), Pelotas (260), Guaíba (258) e Passo Fundo (228).

O EmpregarRS conta com entrevistas para contratação imediata, de modo a aproximar empresas que necessitam contratar profissionais e trabalhadores que buscam uma oportunidade de emprego. Na quarta edição, Sérgio Ferrari defende que os gestores aprenderam com o programa. “O EmpregarRS foi um programa que nasceu na crise. O governo do Estado e a FGTAS procuraram achar uma saída para aquela camada tão grande da população que estava desempregada. Na primeira edição nós sentimos a gravidade do problema que é o desemprego na cidade de Passo Fundo quando vieram quase duas mil pessoas. No ano passado foram duas edições, em virtude do grande número de desempregados. Nunca baixou de 1,5 mil o número de candidatos. Dessa vez captamos o maior número de vagas”, finalizou. 

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