O Banco Central (BC) prevê que a inflação ficará abaixo do piso da meta neste ano. A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi revisada de 3,2%, divulgada em setembro, para 2,8%, no Relatório de Inflação publicado hoje (21) pelo BC.
A meta de inflação, que deve ser perseguida pelo Banco Central, tem como centro 4,5%, limite inferior de 3% e superior de 6%. Quando a inflação fica fora desses patamares, o BC tem que elaborar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicando os motivos do descumprimento da meta.
Se a estimativa se confirmar, será a primeira vez que a meta vai ser descumprida por ficar abaixo do piso. A meta ficou acima do teto quatro vezes: em 2001, 2002, 2003 e 2015. O regime de metas para a inflação foi criado em 1999. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional e deve ser perseguida pelo BC, que usa como principal instrumento para atingir esse objetivo a taxa básica de juros, a Selic.
“O processo de desinflação tem sido amplo, atingindo diferentes segmentos, e foi acentuado pelo comportamento dos preços de alimentação no domicílio”, diz o BC no relatório. De acordo com o banco, em 12 meses, a inflação desses preços, depois de atingir pico de 16,79% em agosto de 2016, “reverteu fortemente, entrando no campo deflacionário”. Entre novembro de 2016 e novembro de 2017, a variação dos preços de alimentação no domicílio, acumulada em 12 meses, passou de 11,56% para -5,30%, com queda de aproximadamente 16,9 pontos percentuais.
“À medida que trimestres passados afetados pelos choques desinflacionários dos preços de alimentos são descartados no cálculo da inflação acumulada em quatro trimestres, as projeções sobem, atingindo aproximadamente 4,2% no quarto trimestre de 2018”, acrescenta o BC. Segundo o relatório, também contribui para o aumento da inflação no próximo ano em direção à meta (4,5%) as reduções da taxa básica de juros, a Selic. A taxa básica menor estimula a economia, reduzindo a capacidade ociosa de produção.
Para 2018, a projeção passou de 4,3% para 4,2%. A inflação projetada termina 2019 também em 4,2% e se reduz para 4,1% em 2020.
Essa projeção é de um dos cenários previstos pelo BC, chamados de “projeção central”, elaborados considerando as estimativas do mercado para a taxa de juros e o câmbio. As expectativas do mercado para a taxa de câmbio são R$ 3,29 no final de 2017, R$3,30 no fim de 2018, R$3,40 em 2019 e R$3,45/US$ em 2020.
A taxa básica de juros, a Selic, encerrou 2017 em 7% ao ano. A expectativa do mercado financeiro é de que essa taxa atinja um mínimo de 6,75% ao ano no início de 2018 e entre em trajetória de alta em dezembro do mesmo ano, atingindo 8% ao ano em abril de 2019 e mantendo-se nesse patamar até o final de 2021.
O BC ressaltou que as projeções “dependem ainda de considerações sobre a evolução das reformas e ajustes necessários na economia”.
Preços administrados
A projeção para os preços administrados, como gás, energia e gasolina, subiu de 7,4% para 8% neste ano. Para 2018, caiu de 5,2% para 4,9%. Para 2019 e 2020, a projeção de inflação de preços administrados manteve-se em 4,3% e 4,2%, respectivamente.