Passo Fundo tem terceiro pior resultado em toda série histórica

Município fechou o ano com saldo de U$ 348,1 milhões. A soja, principal produto de exportação, teve redução de mais de 27% nas vendas

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Se 2017 foi um ano marcado pelo início de um processo de retomada da economia com inflação e taxa de juros mais baixas – como afirmam especialistas –, a balança comercial de Passo Fundo não acompanhou o ritmo. O município fechou o ano passado com saldo de U$ 348,1 milhões, o que representa uma queda de 33,7% em relação a 2016. Este foi o terceiro pior resultado de toda a série histórica, depois de 2009 (superávit de U$ 67,2 milhões) e 2010 (U$ 186,3 milhões). Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).


O saldo é o resultado das exportações menos as importações. A queda nesse valor final foi consequência de uma redução de 25,58% no total de produtos comercializados ao exterior e do aumento de 21,46% das importações passo-fundenses. As vendas de soja e de seus derivados, que corresponde a mais de 50% do total de exportações, tiveram queda. O grão in natura teve decréscimo de 27,21%, enquanto que os resíduos oriundos da extração do óleo de soja apresentam redução de 69,87%.


A venda da oleaginosa atingiu 677,7 mil toneladas no ano passado, representando U$ 256,1 milhões. Os números inferiores em relação a 2016 não significam que houve perda de produção de soja no ano passado, conforme analisa o doutor em economia e professor da UPF, Marco Montoya.


Para Montoya, que realiza pesquisas acadêmicas voltadas à cadeia do agronegócio, uma possibilidade para a queda nas exportações do grão está na venda do produto para o mercado interno. De acordo com o especialista, esta hipótese tem consequências interessantes, uma vez que esta soja, que antes era vendida in natura para o exterior, começa a ser industrializada no país e passa a ter maior valor agregado.


Montoya esclarece que nem todos os municípios produtores de soja são exportadores. Passo Fundo recebe o grão dos seus vizinhos e faz as transições. Outros municípios, que também têm cooperativas e empresas de recebimento de grãos, podem estar absorvendo a demanda. Em Coxilha, a exportação de soja teve uma redução de 96,19% em 2017. Em Não-Me-Toque a queda na venda da oleaginosa foi de 33,26%. Por outro lado, Soledade teve um acréscimo de mais de 78% na comercialização do grão, totalizando 10 mil toneladas no ano passado.

Queda no saldo é ruim para o município?
Se analisado da perspectiva que o produto está indo para o mercado nacional e recebendo valor agregado, a queda nas exportações de soja não representa algo ruim. O professor da UPF enfatiza que a soja industrializada é muito mais interessante para o mercado brasileiro pelo aumento do valor agregado.


Porém, se esse produto não está sendo absorvido pelo mercado nacional, há impacto negativo. Montoya explica que, nesse caso, “o fato de o município reduzir as exportações significa que está se fazendo menos serviços. E menos serviços implicam em menor arrecadação tributária”.


Brasil tem melhor resultado anual da série histórica
A recuperação dos preços internacionais dos bens primários e a safra recorde fizeram a balança comercial fechar 2017 com o melhor saldo positivo registrado até hoje. No ano passado, o superávit do país foi de US$ 67 bilhões, melhor resultado desde o início da série histórica, em 1989. O resultado está dentro das estimativas do MDIC, que previa que o superávit comercial ficaria entre US$ 65 bilhões e US$ 70 bilhões no ano passado. Apenas em dezembro, a balança fechou com saldo positivo de US$ 4,99 bilhões.


As exportações totalizaram US$ 217,7 bilhões em 2017, com alta de 18,5% sobre 2016 pela média diária, o primeiro crescimento após cinco anos. A alta do ano passado, no entanto, foi insuficiente para retomar o recorde de exportações registrado em 2011, quando as vendas externas tinham somado US$ 256 bilhões.


As vendas de produtos básicos cresceram 28,7% no ano passado pelo critério da média diária. As exportações de produtos semimanufaturados subiram 13,3%, e as vendas de produtos industrializados aumentaram 9,4%, também pela média diária. Em 2017, os preços médios das mercadorias exportadas subiu 10,1%, beneficiado pela valorização das commodities (bens primários com cotação internacional). Os destaques foram minério de ferro, com alta de preços de 40,9%, semimanufaturados de ferro e aço (34,3%) e petróleo bruto (32,2%).


O volume exportado aumentou 7,6% em 2017, impulsionado tanto pela recuperação da indústria como pela safra recorde do ano passado. Os principais destaques foram automóveis de passageiros (44,6%), milho em grão (35%) e soja em grão (33,2%).

 

 

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