Com destaque para o desempenho da indústria da transformação, Passo Fundo fechou o segundo resultado positivo do ano na geração de emprego. O setor, que, no mesmo período do ano passado, vinha registrando saldo negativo, iniciou 2018 contratando mais do que demitindo. Com o dado de fevereiro, a indústria já soma saldo de 86 novos postos de carteira assinada no município.
O setor foi destaque em outros municípios do Estado. Em Erechim – cidade vizinha de Passo Fundo –, das 311 vagas abertas em fevereiro, 175 foram da indústria. Em Caxias do Sul a participação foi ainda maior. Dos mais de 1,9 mil novos empregos na cidade, 1,2 mil foram no setor. Em todo o Estado, o saldo do mês foi de 13 mil postos. A indústria foi responsável por 9,8 mil deles. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho.
Os números indicam um processo de reação do mercado no setor industrial, conforme o economista e professor da UPF Julcemar Zilli. “São os dados mais importantes para se mostrar essa retomada do crescimento no Rio Grande do Sul. A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2018 é de 2,8%. Isso passa pelo crescimento da indústria. Em 2018, a expectativa é que este setor cresça 3,7%. Para conseguir absorver esse crescimento, que a indústria vai ter, o número de empregados tem de aumentar”, analisa.
O saldo positivo também demonstra um aumento da confiança do empresário, de acordo com o especialista. “Se ele está contratando é porque ele acredita que as coisas estão melhorando. A confiança do empresário auxilia nesta retomada do crescimento econômico e da melhora do mercado de trabalho”, argumenta. Essas contratações renderam a Passo Fundo, nos dois meses de 2018, 177 novos postos de trabalho com carteira assinada.
Além da indústria, os números positivos de fevereiro foram influenciados pelo setor de serviços, que fechou saldo de 188 postos. Por outro lado, com exceção da administração pública, que não apresentou movimentação no mês passado, todos os demais setores ficaram no negativo. O pior resultado ficou com o comércio, com o fechamento de 91 vagas, seguido da construção civil (-16 postos), da agropecuária (-7), serviços industriais de utilidade pública (-7) e extrativa mineral (-1).
As demissões no comércio são explicadas por dois fatores, conforme Zilli. No início do ano, com a chegada de despesas extras como impostos, as pessoas tendem a consumir menos. O que diminui o faturamento dos lojistas. Outro fator que explica o fechamento de vagas são as contratações temporárias que geralmente ocorrem no setor a partir dos meses de novembro e dezembro. Como o intuito é reforçar o quadro de funcionários para as datas comemorativas do fim do ano, quando o próximo ano se inicia os comerciantes desligam estes funcionários. A tendência é que o setor do comércio melhore a partir dos meses de abril e maio, conforme o professor.
Brasil: melhor resultado em quatro anos
O Brasil criou 61.188 mil postos de trabalho em fevereiro. O número é bem superior em relação aos mais de 35 mil empregos gerados em fevereiro do ano passado e corresponde ao melhor resultado desde 2014, quando foram abertas 260.823 vagas no mesmo período. No total, foram registradas 1.274.965 admissões e 1.213.777 demissões.
O mês de fevereiro também seguiu a tendência positiva de janeiro, quando foram abertos 77,8 mil novos postos de trabalho no país. “Esses resultados confirmam a recuperação econômica e a retomada dos empregos. As medidas adotadas pelo governo foram acertadas e estamos otimistas que esses números se repetirão ao longo do ano”, avaliou o ministro interino do Trabalho, Helton Yomura, em nota enviada à imprensa. No saldo consolidado de 2017, o Brasil havia tido um resultado negativo, com o fechamento de 20,8 mil postos de trabalho.
Os dados do Caged também revelam que cinco dos oito principais setores econômicos tiveram saldo positivo. O principal deles foi o de serviços, com a criação de 65.920 novos postos de trabalho, crescimento de 0,39% sobre o mês anterior. A indústria de transformação foi o segundo setor com melhores resultados, abrindo 17.363 postos de trabalho, um acréscimo de 0,24% em relação a janeiro. O terceiro melhor resultado ficou com a administração pública, que gerou 9.553 empregos, seguido de serviços industriais de utilidade pública, 629 postos, e extrativa mineral, 315 postos.