A Havan ainda acredita num entendimento com o Sindicato dos Comerciários de Passo Fundo e continua apostando que vai instalar seu empreendimento em Passo Fundo. A informação é do advogado que representa a rede de megalojas nas negociações locais, José Mello de Freitas. Enquanto isso, municípios da região se movimentam para conquistar a megaloja para suas cidades
Conforme o advogado, a empresa acredita no entendimento com o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio de Passo Fundo no que se refere ao horário de funcionamento aos feriados. A questão depende de convenção coletiva entre os sindicatos dos trabalhadores e da patronal. A primeira reunião para estabelecer a nova convenção ocorreu na noite de ontem (23), entre sindicato dos trabalhadores e Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas).
Na última semana, os trabalhadores definiram, em assembleia, folga em sete feriados e mais uma no Carnaval. Essa é uma das bandeiras dos trabalhadores na negociação com a patronal. O presidente do sindicato laboral, Tarciel Silva, afirma que a entidade está voltada para discutir um possível aumento salarial e melhores condições para os funcionários. A questão da Havan é responsabilidade do Sindilojas no momento, conforme Silva. Mesmo com as discussões já iniciadas, não existe um prazo para o término das negociações. “Ano passado se estendeu até outubro”, explicou Tarciel.
O Sindilojas, por sua vez, defende a liberdade de horário e a livre iniciativa de mercado. A presidente Sueli Marini ressalta que esse sempre foi o posicionamento da entidade. “Eles têm que entender que precisam avançar no tempo”, resume Sueli. A busca do Sindilojas pela liberdade das empresas para definirem seus dias e horários de funcionamento não se refere apenas a possível vinda da Havan, mas a qualquer outra empresa que busque se instalar em Passo Fundo.
A Havan quer a liberdade de abrir aos feriados e ofereceu aos comerciários a folga em três datas. A última convenção coletiva, porém, previa a não utilização da mão de obra no comércio em sete datas, são elas: Revolução Farroupilha (20 de setembro), Finados (2 de novembro), Natal (25 de dezembro), Ano Novo (1º de janeiro), Dia do Trabalhador (1º de maio), Domingo de Páscoa e Sexta-feira da Paixão. A validade da convenção expirou no dia 31 de março deste ano.
Anúncio da filial
O presidente da Havan, Luciano Hang, esteve em Passo Fundo em fevereiro para anunciar que o município receberia uma megaloja da rede. A filial seria instalada na Avenida Brasil, bairro Petrópolis, ao lado do Stock Center. A área pertence a Comercial Zaffari.
No dia do anúncio, Hang destacou que a loja teria mais de sete mil metros quadrados, mais de cem mil itens e a estátua da liberdade de 35 metros – símbolo já conhecido da marca. A rede prometeu a geração de até 150 empregos diretos. Todos os funcionários contratados do município, com exceção do gerente. O investimento é estimado em R$ 25 milhões.
No início deste mês, o diretor de Expansão, Nilton Hang, disse, ao Jornal O Nacional, que a empresa não vai se instalar em Passo Fundo se houver restrição de dias para trabalhar. “A cidade em que primeiro aprovarmos todos os projetos e licenças requeridas será onde primeiro iniciaremos as obras. Se não pudermos trabalhar naqueles dias não faremos a loja”, afirmou, à época.
Municípios de olho na Havan
Passo Fundo não é o único município do norte do Estado interessado em receber uma das lojas da rede. Erechim e Carazinho também visualizam a possibilidade de receber uma filial. Representantes dessas cidades já estiveram em Santa Catarina para tratar com a direção da Havan.
O prefeito de Erechim, Luiz Francisco Schmidt, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Altemir Barp, e dois vereadores, foram a Brusque (SC) em março. O objetivo da visita foi apresentar o polo regional do Alto Uruguai e convencer os administradores das possibilidades que a cidade oferece. À ocasião da visita, Schmidt enfatizou a diversidade de empresas e indústrias instaladas com produções expressivas. “Aqui já mantemos um leque importante de estabelecimentos. E esta empresa investe não somente em lojas, mas também em outras áreas. Aonde chega promove transformação”, disse o prefeito.
Com a possibilidade da rede se instalar em Erechim, a discussão sobre o horário livre no comércio foi parar na Câmara dos Vereadores. No dia 2 de abril, os vereadores aprovaram, por 11 votos a cinco, o projeto de lei que dispõe sobre a abertura e fechamento do comércio, da indústria e dos serviços. O texto modifica o horário do comércio de segunda a sexta-feira, permitindo o funcionamento das 8h às 22h. Ainda assegura “o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou atividade, atendidas as qualificações profissionais exigidas por lei, ou qualquer outra atividade econômica, independentemente de autorização de Órgãos Públicos”. O projeto foi sancionado pelo prefeito no dia 5 de abril.
Apesar desta legislação, a discussão deve passar pelo acordo ou convenção coletiva da categoria. A convenção em vigência, estabelecida pelos sindicatos locais, prevê que não haverá expediente dos funcionários em domingos e feriados, com exceção do dia 23 de dezembro, que antecipa o feriado de Natal. Além disso, a convenção é mais restrita e permite a abertura aos sábados de tarde em datas específicas.
O prefeito de Carazinho, Milton Schmitz, já foi duas vezes para o Estado vizinho conversar com membros da Havan. A primeira viagem foi na metade do ano passado e a segunda há cerca de 60 dias. “Eles nos disseram que têm interesse e Carazinho está no mapa, mas neste primeiro momento, pela facilidade de negociação com a Comercial Zaffari (terreno), eles estão instalando essa (loja) em Passo Fundo e a outra em Caxias do Sul. Em uma próxima vez talvez venham para cá, já que Carazinho está no mapa da empresa”, afirmou Schmitz.
Como atrativos para receber uma filial da rede, o prefeito defendeu a posição geográfica de Carazinho, com duas BRs, a 386 e a 285, o potencial regional do município e a facilidade de negociação com o Executivo para aprovação de projetos. Sobre a discussão do horário do comércio, Milton Schmitz garantiu que estão pensando em um projeto de lei para facilitar a situação para a Havan. “Nós estamos planejando uma forma de elaborar esse projeto para abrir o comércio todos os dias do ano nas BRs, sem envolver os estabelecimentos dentro da cidade”, defendeu o prefeito.