Caminhoneiros protestam contra alta do diesel

Em Passo Fundo, houve bloqueio da BR 285 e queima de pneus durante as manifestações

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Manifestantes queimaram pneus durante protestos de ontem à tardeManifestantes queimaram pneus durante protestos de ontem à tarde
Manifestantes queimaram pneus durante protestos de ontem à tarde
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Caminhoneiros realizaram protestos em diversos pontos do Rio Grande do Sul durante toda a segunda-feira, contra o aumento do óleo diesel. Em Passo Fundo, as manifestações iniciaram pela manhã, no quilômetro 301 da BR 285, em frente ao posto de combustível Buffon.


Ontem à tarde, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários de Passo Fundo, Gilberto Godoi Boeira, participou de uma reunião, em Porto Alegre, com representantes do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (SETCERGS). Segundo ele, a orientação é de que os motoristas mantenham os caminhões parados em casa ou nos protestos pelas rodovias. "O próprio sindicato patronal passou essa orientação. A previsão é parar pelo menos até quinta-feira. As transportadoras não estão conseguindo repassar no frete o aumento do diesel", informou. O sindicato de Passo Fundo tem aproximadamente 12,5 mil filiados.


Segundo a Polícia Rodoviária Federal, de Passo Fundo, a BR 285 chegou a ser bloqueada por alguns instantes no início da tarde, mas foi liberada logo em seguida. No entanto, os caminhoneiros eram abordados e convidados a aderirem à greve. Uma fila com mais de 100 veículos se formou no pátio do posto e num terreno ao lado da pista. Para chamar a atenção, os manifestantes queimaram pneus às margens da rodovia.


Há mais de 20 anos na estrada, Aldalto Lubian 49, está com o caminhão carregado com grãos, para ser entregue em Curitiba, parado no local desde a última sexta-feira. Morador de Passo Fundo, ele trabalha como autônomo e custeia todas as despesas de combustível, manutenção do caminhão e alimentação. "Com o óleo diesel subindo todo dia e, sem reajuste no valor do frete, fica difícil se manter na atividade. Vira tudo em despesa. Tem o desgaste dos pneus, o custo com os lubrificantes, falta dinheiro no final da história", lamenta.


O colega de profissão, Valter Diniza, 55 anos, compartilha da mesma opinião. Morador de Ijuí, ele decidiu interromper a viagem para São Paulo, onde pretende chegar até quarta-feira pela manhã, ao ser abordado pelos manifestantes. "Não tem como passar. Temos que ajudar os parceiros", justificou. Há 35 na atividade, disse que a situaçao chegou no limite. "Não sobra nada".


O caminhoneiro Nilson Zanotto, 54, de Campo Grande, Mato Grosso, complementa a fala do colega. "Fiz uma viagem para o Nordeste, na volta toda, cerca de 9 mil quilômetros, gastei mais de R$ 20 mil só em óleo diesel. Quem aguenta uma despesa como essa?" questiona. Ele estava parado no protesto havia uma hora, com uma carga de óleo de cozinha, e tinha a cidade de três passos como destino.


Concentrados ao longo da rodovia, os caminhoneiros atualizavam as notícias sobre os bloqueios em todo o Brasil, a todo o instante, através das redes sociais. "Acabei de receber uma mensagem de que em Campo Grande fechou completamente", disse Zanotto.


Além das concentrações nas rodovias, muitos motoristas preferiram deixar os caminhões parados em casa. Foi o caso do motorista Luis Carlos Ceolin. Morador de Passo Fundo, ele revelou que o veículo está na garagem há cerca de 10 dias. A decisão foi tomada desde o início das tratativas da greve. "Não vou mexer nele por enquanto. Tá tudo parado no Brasil inteiro, mesmo", afirmou.


Região
Além de Passo Fundo, também houve protestos em outros pontos da BR 285 na região norte do Estado. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, aconteceram bloqueios nos municípios de Caseiros e Lagoa Vermelha.


Em Erechim, os protestos iniciaram por volta das 12h. Manifestantes atearam fogo em pneus no entrocamento da ERS 135 com a BR 153, próximo ao acesso à Transbrasiliana, onde houve concetração de caminhoneiros.


Estado
Conforme boletim apresentado ontem à tarde pela Polícia Rodoviária Federal, os protestos aconteceram em pelo menos nove rodovias federais. Nas rodovias estaduais, o Comando Rodoviário registrou manifestações na ERS 122 RS 474 (Santo A. Patrulha), ERS 040 ( Viamão), ERS 020 (Taquara) e na ERS 122 (São Sebastião do Caí).

 

Protestos nas BRs
Três Cachoeiras, na BR 101 (km 22)
Ijuí, BR 285 (km 460
Jaguarão BR 116 (km 654)
Novo Hamburgo BR 116 (km 234)
Arroio Grande BR 116 (km 611)
Vacaria BR 116 (kms 38, 40, 41, 43)
Santa Maria BR 392 (km 350)
Júlio de Castilhos BR 158 (km 263,8)
Passo Fundo BR 285 (km 301)
Turuçu BR 116 (km 482)
São Gabriel BR 290 (km 422)
Panambi BR 158 (kms 157,8 e 143)
Bagé BR 293 (km 182)
Lagoa Vermelha BR 285 (km 201)
Caseiros BR 285 (km 217)
Erechim BR 153 (km 53,4)

 

Governo convoca reunião
O presidente Michel Temer convocou para o final da tarde ontem, uma reunião emergência para discutir a alta dos preços dos combustíveis. Foram chamados para participar da conversa com o presidente os ministros Moreira Franco (Minas e Energia), Eduardo Guardia (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Esteves Colnago (Planejamento) e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.


Guardia declarou ontem, que o governo examina a redução de tributos incidentes sobre os combustíveis, mas não tem ainda nenhuma decisão sobre o assunto. Em teleconferência com a imprensa estrangeira, ele afirmou que medidas para reduzir as alterações constantes nos preços estão sendo discutidas, mas destacou que o governo não tem neste momento “flexibilidade fiscal”.

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