O trigo está com cerca de 20% da área a ser cultivada nesta safra semeada na região de Passo Fundo. Com perspectiva de clima favorável e preços em patamares mais elevados em relação a 2017, a cultura deve ter um incremento de área na região, enquanto no Estado, o levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar indica uma redução na área total. Com as boas perspectivas, produtores têm investido em boa tecnologia para garantir bons resultados.
O levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar indica uma redução de 3,35% em relação à safra passada, quando, segundo o IBGE, foram cultivados 691.553 hectares, passando para 668.395 hectares este ano. Levando-se em conta uma produtividade média de 2.142 kg/ha, calculada a partir da tendência apresentada pelas produtividades médias dos municípios produtores do cereal nas últimas dez safras, a produção total a ser alcançada seria de 1,431 milhão de toneladas. Isso significa um aumento de 16,71% em relação ao ano passado, quando o RS colheu apenas 1,226 milhão de toneladas, devido à baixa produtividade registrada naquela safra (1.777 kg/ha). O primeiro levantamento foi realizado em 282 municípios, abrangendo 97% da área de produção do Estado.
Na região abrangida pela Emater Regional de Passo Fundo, a estimativa é de que sejam cultivados 49.498 hectares, com produtividade média de 2.510 quilos por hectare. Com isso, a estimativa de produção na região é de 124.247 toneladas. Conforme o engenheiro agrônomo da Emater, Cláudio Dóro, na região, o zoneamento agroclimático indica o plantio até 10 de julho. Historicamente, os produtores plantam com maior intensidade na segunda quinzena de junho, a fim de tentar evitar perdas com geadas tardias que possam ocorrer no período da formação das espigas e dos grãos.
Até o momento, cerca de 20% da área a ser cultivada já está plantada na região. No entanto, por ser uma área muito menor em relação à safra de soja, por exemplo, o plantio é mais rápido e pode ser concluído antes do final deste mês. Nas áreas plantadas algumas já estão germinando e apresentam boas condições. Apenas áreas que foram atingidas pelas chuvas intensas da última semana tiveram perdas de sementes e de fertilizantes devido à lavagem do solo. Além disso, áreas de erosão foram identificadas devido à intensidade das precipitações.
Condições favoráveis
Dóro lembra que as condições climáticas e de mercado do ano passado não eram favoráveis à cultura. No entanto, neste ano, com o período de neutralidade climática, sem interferência de fenômenos El Niño ou La Niña, o clima deve beneficiar o desenvolvimento das áreas cultivadas. “Esse ano temos previsão de normalidade com chuvas dentro do normal e temperatuas um pouco mais frias. Climaticamente esse ano é bem melhor que o ano passado”, reforça lembrando dos problemas enfrentados em 2017 com o excesso de umidade em momentos críticos do desenvolvimento da cultura que prejudicaram a produtividade e a qualidade.
O preço também tem sido um fator de estímulo. “No ano passado, nessa mesma época, o trigo valia cerca de R$ 31 a saca e hoje está próximo dos R$ 43”, ressalta. Além disso, o rendimento das culturas de verão, que não foram tão elevados, acabaram por forçar os produtores a investir mais no inverno. Por outro lado, o trigo teve pequeno aumento no custo de produção, especialmente relacionado aos custos dos fertilizantes. Quem adquiriu esses produtos após a greve dos caminhoneiros pode ter uma elevação nos preços de cerca de 15%. As sementes também tiveram uma elevação, mas os defensivos agrícolas estão com preço praticamente estabilizado em relação ao ano passado.
Outras culturas
A cevada está com o plantio praticamente encerrado. Dóro destaca que a cultura terá uma redução grande na área em função dos maus resultados obtidos no ano passado. A canola também terá redução significativa na área, mas ainda não há dados concluídos. O motivo é o mesmo da cevada, baixa produtividade. As áreas cultivadas com aveia branca estão sendo implantadas agora.