Consumidor deve ficar atento ao aumento das tarifas

Neste mês, bandeira tarifária está no patamar mais alto do sistema e pode ainda aumentar

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O aumento no valor da conta de energia elétrica, que está, neste mês, no patamar mais elevado da bandeira tarifária, pode ser sentido pelos consumidores. Isso significa que, para cada 100 quilowatts-hora (kWh) de energia consumidos, há uma cobrança extra de R$ 5 nas contas de luz. Em um mês frio em que os aquecedores e chuveiros elétricos são mais demandados, o aumento é inevitável. Mas, a situação ainda pode piorar, tendo em vista que os leilões de distribuidoras de energia previstos para o final do mês de agosto.


Agosto é o terceiro mês seguido com a bandeira tarifária no patamar mais caro - 2 da cor vermelha. A cobrança extra de R$ 5 para cada 100 kWh começou em junho. Em maio, a bandeira tarifária estava na cor amarela, que tem cobrança extra de R$ 1 para cada 100 kWh. Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a manutenção da bandeira vermelha no patamar 2 “deve-se ao prosseguimento das condições hidrológicas desfavoráveis e à redução no nível de armazenamento dos principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN)”. A baixa incidência de chuvas, também chamada de risco hidrológico, ou GSF (sigla em inglês para Generation Scaling Factor), é, ao lado do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que é o preço da energia elétrica no mercado de curto prazo, as principais variáveis que influenciam na cor da bandeira tarifária.

 

Reclamações dos consumidores
Em Passo Fundo, o aumento já foi sentido pelos consumidores que já buscarm órgãos de defesa a fim de esclarecer se os valores cobrados estão corretos. O especialista em Direito do Consumidor e orientador do Balão do Consumidor – projeto de extensão da Faculdade de Direito da UPF -, Franco Scortegagna, explica que algumas pessoas têm procurado esclarecimentos. Ele explica que, naturalmente, a conta de energia elétrica tende a ser mais alta no inverno, devido ao uso de aquecedores, chuveiro em temperatura mais alta e aparelhos de ar condicionado. Ainda assim, consumidores têm reclamado que mesmo não tendo adquirido novos equipamentos, a conta está mais cara. Isso se deve, principalmente, à bandeira tarifária, mas o consumidor também deve estar atento para a possibilidade de cobranças indevidas. O consumidor que tiver dúvidas com relação à cobrança pode procurar auxílio junto ao Procon municipal ou ao Balcão do Consumidor, que funciona no Campus III da UPF, ao lado da UPF Idiomas. Para isso, é necessário levar as três últimas faturas. Dúvidas também podem ser esclarecidas pelo telefone 3314-7660.


Como economizar
Chuveiro
Tomar banhos mais curtos
Selecionar opções de água menos quente quando não for frio
Verificar a potência do chuveiro

 

Ar condicionado
Não deixar portas e janelas abertas em ambientes em que o equipamento estiver ligado
Manter filtros limpos
Diminuir ao máximo o tempo de utilização

 

Geladeira
Abrir apenas o tempo necessário para pegar ou guardar alguma coisa
Regular a temperatura conforme o manual de instruções
Nunca colocar alimentos quentes
Deixar espaço para ventilação na parte de trás e não utilizar para secar roupas
Não forrar as prateleiras internas
Verificar as borrachas regularmente

 

Iluminação
Utilizar lâmpadas econômicas de LED
Apagar luzes ao deixar os ambientes
Desligar aparelho que, mesmo desligados possam ficar em standby – geralmente aqueles que ficam com uma luzinha acesa mesmo quando desligados

 

Conta de luz
Verificar possível inclusões de serviços de terceiros
Verificar se a leitura está sendo feita mensalmente
Verificar a data da próxima leitura e, quando necessário, facilitar o acesso ao medidor
Verificar se a leitura feita corresponde ao que está marcado no relógio

 

Privatização das distribuidoras
Outra situação que pode alterar a tarifa de energia elétrica está relacionada à privatização das distribuidoras da Eletrobras, prevista para o final deste mês. Em entrevista, o economista, sociólogo, cientista político e professor da UPF Dr. Ginez de Campos explica. Confira:


O Nacional - O leilão dessas distribuidoras é uma boa alternativa para reduzir os custos das tarifas de energia ou apenas serviria para mantê-las nos patamares atuais? Como eles funcionam?
Ginez de Campos: Em primeiro lugar é preciso destacar que o leilão das distribuidoras de energia elétrica no Brasil está acontecendo dentro do Plano Nacional de Desestatização (PND), que é a forma que o governo encontrou para o enxugamento do aparato estatal, e ao mesmo tempo resolver o gravíssimo problema das contas públicas, uma vez que o nosso endividamento público pode nos conduzir a um profundo e grave colapso fiscal a partir do ano que vem. Estas distribuidoras estão seriamente endividadas (por conta da má gestão e uso político) e existe o risco que a privatização não aconteça, pois seus valores de mercado estão se deteriorando e há uma dificuldade enorme de vendê-las.

 

ON - De que forma isso poderia ser mais benéfico aos consumidores?
Ginez de Campos: - As privatizações por meio de leilões, não apenas diminuiria os gastos do governo com estas distribuidoras elétricas deficitárias, mas poderia estimular mais investimentos privados no setor o que beneficiaria (em hipótese) os consumidores e as empresas, que em função de uma maior concorrência, poderiam ter acesso a preços menores de energia elétrica.


ON - A bandeira tarifária no mês de agosto já está na mais elevada. O que um aumento ainda maior na conta poderia causar aos consumidores?
Ginez de Campos: - Aos consumidores (pessoa física) poderá significar uma conta de luz mais elevada com efeitos negativos no orçamento doméstico. Para as empresas significaria um aumento nos seus custos de produção. 

 

ON - Além da conta residencial, de que formas os efeitos do aumento do valor da energia repercute para as pessoas?
Ginez de Campos: - É necessário destacar que a energia elétrica é um importante insumo utilizada pelos setores produtivos o que irá representar um aumento nos custos de produção das empresas. As empresas por sua vez terão que repassar o custo da energia elétrica para os preços do seus produtos finais ao consumidor gerando inflação.

 

ON - Até quando as pessoas, especialmente as que têm menor renda, terão condições de suportar esses aumentos?
Ginez de Campos: - Como foi dito antes, os aumentos de energia elétrica têm impactos negativos no orçamento doméstico dos trabalhadores, principalmente aqueles trabalhadores de baixa renda. Por outro lado, o aumento de energia elétrica gera alta nos custos de produção para as empresas, pressionando a inflação, principalmente a chamada "inflação de custos". Em resumo, o trabalhador será duplamente o mais prejudicado e infelizmente mais uma vez vai pagar esta conta.

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